- Gênero: Aventura, Comédia
- Direção: Seth Gordon
- Roteiro: Seth Gordon, Brendan O'Brien
- Elenco: Cameron Diaz, Jamie Foxx, Glenn Close, Andrew Scott, Kyle Chandler, Jaime Demetriou, McKenna Roberts, Rylan Jackson, Fola Evans-Akingbola
- Duração: 110 minutos
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Uma das melhores coisas que podem acontecer a uma produção genérica é ter um gancho de interesse que se espalhe por todos os cantos do que assistimos. Com a propriedade de quem despeja tantos desses títulos anualmente no mercado, a Netflix conseguiu uma carta na manga para seu mais novo sucesso, De Volta à Ação, que a liberou para produzir algo quase chegando no limite do aceitável. Cameron Diaz, que estava afastada do mercado há uma década, aceitou o chamado do streaming (e prováveis muitos dígitos novos na conta bancária) e estrela ao lado de Jamie Foxx um filme que, se fosse estrelado por quaisquer outras pessoas, teria o carisma de um hidrante. Graças a eles, essa produção igual a milhões de outras torna seu fim de tarde mais agradável.
O último longa de Seth Gordon tinha sido há 8 anos, com a fracassada adaptação de Baywatch para o cinema, mas com tantos episódios de tantas séries famosas no currículo, era difícil imaginar que o diretor ficasse desaparecido para sempre. Sua volta das férias é essa produção requentada para o streaming com o melhor que o dinheiro de Ted Sarandos tem a oferecer. A produção é caprichada e vultosa, sem parecer que uma fortuna é jogada fora. De Volta à Ação abre com uma bela sequência cheia de ritmo vertiginoso, onde os efeitos especiais fazem a diferença no campo do improvável. Isso ajuda ao filme não depender exclusivamente de seu elenco, mas também não se furta em obter tal resultado, se isso for o pretendido.
Sem chamar a atenção pela narrativa apresentada, estamos diante de um imã de carisma, um filme que parece aproveitar ao máximo cada cena apresentada. Seja atentando para a dupla de protagonistas, ou para o leque bastante talentoso de coadjuvantes, De Volta à Ação é um programa eficiente para o modelo que precisa seguir. Para elevar o que vemos, está à disposição inclusive uma pequenina surpresa de escalação, que acaba por gerar uma nova surpresa declamada no ato final. É u m jogo que parece de conhecimento de todos, incluindo o espectador, de que está diante de um produto médio, mas que é sustentado pelo interesse que o retorno da estrela provoca, aliado a química que surge naturalmente entre o elenco.
Aos poucos, o que fica na superfície é essa sensação confortável de encontrar um elenco que tem claro prazer em estar ali, fazendo o mais básico do seu ofício, e que também não representa uma mudança drástica de cotação. De Volta à Ação é um produto que não se leva a sério narrativamente, mas quer convencer o seu espectador de que está diante do suficiente. Uma família que vive escondida pelo passado dos pais, que se revelam espiões de primeira grandeza, e a partir daí é desencadeado um arsenal de conflitos ao redor da Inglaterra, não se eleva ao que se poderia considerar “grande cinema”, mas também funciona exatamente pela sua despretensão.
Falar sobre esse grupo de atores, aqui, não é necessariamente como falar de seus talentos particulares, e até individuais. Porque o jogo estabelecido é cozinhado em conjunto, em clima de comunhão coletiva em prol da diversão comum, tanto para eles que o fizeram como para quem os assiste. Como já dito, existe o claro prazer plus de reencontrar uma atriz tão intensa quanto Cameron Diaz e constatar que ela não perdeu a chama que fez dela uma estrela de primeira linha. Mas o charme em De Volta à Ação é adicionado ao seu reencontro com Foxx (com quem tinha estado em seu último filme, Annie), que se especializou em um registro durante sua carreira, e que seus acertos com a Netflix tem permitido ousar, como no recente Clonaram Tyrone!. Tem um simbolismo bonito nesse retorno da dupla como um casal – ainda que a relação que Gordon filme pareça mais uma dupla de buddies.
A ação do filme é controlada e até empolga, mas é o contraste da adrenalina para todas as idades com o jogo dramático/cômico familiar que azeita a produção. Tem um ator com uma participação menor em De Volta à Ação que simboliza essa conexão entre universos. Jamie Demetriou entra na metade do filme, mas sua presença além de dinamizar o todo, também coloca tais inflexões em cima da mesa. Um título que anseia pelos dois lados, o conforto de uma tarde tranquila com a família e o ritmo de um passatempo acelerado. Modestamente, a Netflix acertou onde geralmente costuma errar, dessa vez.
Um grande momento
O desastre de avião