(Si, Jie, EUA/CHI/TWN/HKG, 2007)
Ocupação japonesa dos territórios chineses durante a Segunda Guerra Mundial. Um grupo de estudantes decide armar o assassinato de um dos contribuintes do lado japonês, o torturador Mr. Yee (Tony Leung Chiu Wai). A jovem Wang (Wei Tang) é a escolhida para conquistar seu coração e deixá-lo vunerável e assume uma outra personalidade.
A cada dia que passa fico mais impressionada com a habilidade dos diretores chineses ao tratar o amor impossível ou de difícil realização. Em Desejo e Perigo Ang Lee consegue transformar uma história de suspense e violência em algo romântico.
O filme tem elementos noir e lembra um pouco o estilo do conterrâneo de Lee, Wong Kar Wai (Um Beijo Roubado). Tanto pela temática, como pela ambientação e a presença de Tony Leung (Amor à Flor da Pele) no elenco. As belas imagens do diretor de fotografia Rodrigo Prieto (O Segredo de Brokeback Mountain) e a coreografia de cada uma das cenas de sexo são tão meticulosas que transformam a experiência em algo inesquecível.
Estas cenas, aliás, causaram polêmica por onde passaram e chegaram a atrasar a distribuição do filme. Mas são fundamentais para a compreensão da aproximação de Yee e Wang e o desenvolvimento de sua complicada relação. Do mesmo modo que o jogo de Majohng das esposas dondocas, com suas conversas, é importante para compreendermos o momento pelo qual a China passa.
O desenho de produção de Lai Pen (A Atriz), que também assina o figurino, está impecável. A reecontrução da época nos mínimos detalhes chama a atenção, mas não é exagerada. A trilha sonora de Alexandre Desplat (O Curioso Caso de Benjamin Button) também é perfeita em sua sutileza.
Mas o maior trunfo de Desejo e Perigo, depois da interessantíssima adaptação da obra de Eileen Chag pelos roteiristas James Schamus e Hui-Ling Wang (O Tigre e o Dragão), é o elenco. Tony Leung consegue passar toda a agressividade e a fragilidade escondida de seu personagem e tem um olhar que consegue dizer tudo sem usar as palavras. A novata Wei Tang também não decepciona e se entrega completamente ao papel.
Mesmo com todas as qualidades o filme é longo e lento em muitos momentos e pode irritar aqueles que tem a paciência curta.
Um modo diferente e poético de tratar toda a situação política de um país em um momento de pura tensão. E mais uma prova de que Ang Lee sabe como falar de amor, ainda que platônico ou complicado.
A canção.
Prêmios e indicações (as categorias premiadas estão em negrito)
BAFTA: Filme em Língua Estrangeira, Figurino (Lai Pan)
Globo de Ouro: Filme Estrangeiro
Festival de Veneza: Leão de Ouro, Golden Osella (Rodrigo Pietro)
Links
Drama
Direção: Ang Lee
Elenco: Tony Leung Chiu Wai, Wei Tang, Joan Chen, Lee-Hom Wang, Chung Hua Tou, Chih-ying Chu, Yue-Lin Ko, ying-hsien Kao
Roteiro: Eileen Chang (conto), James Schamus, Hui-Ling Wang
Duração: 148 min.
Minha nota: 8/10
Olá!
Wally – Eu também gosto muito do diretor. O único filme dele que não me agrada é Hulk, mas ainda tem uma estética especial por tentar se enquadrar, literalmente, aos quadrinhos.
Filipe – Achei lindo, mas é um filme que choca muito ainda. O sexo por mais presente, por mais discutido, ainda não é visto como algo natural!
Beijocas
Um dos melhores filmes do ano passado, faz lembrar por vezes as ambiências das fitas de Wong Kar Wai. Totalmente subestimado pela Academia…
Se eu já estava curioso (afinal, é Ange Lee né?), agora estou ainda mais. Ansioso.
Ciao!