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Farsa Trágica

(The Comedy of Terrors, EUA, 1963)

Comédia
Direção: Jacques Tourneur
Elenco: Vincent Price, Peter Lorre, Boris Karloff, Basil Rathbone, Joyce Jameson, Joe E. Brown, Beverly Powers
Roteiro: Richard Matheson
Duração: 84 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

Fácil se interessar por um filme que tenha em seu elenco Vincent Price, Boris Karloff, Peter Lorre e Basil Rathbone. Enquanto os dois primeiros podem ter o nome mais associado à produção de terror e Rathbone é o eterno Sherlock Holmes do cinema, Lorre tem uma filmografia mais variada, com clássicos de todos os gênero, de M, o Vampiro de Dusseldorf a Casablanca e por aí vai. Mas todos os quatro são grandes e merecem ser vistos, sempre que possível.

Farsa Trágica conta a história de Waldo Trumbull, o quase dono de uma funerária que reaproveita caixões e tem como principal objetivo herdar o estabelecimento do sogro. Picareta, devendo dinheiro e com o aluguel atrasado, ele precisa dar um jeito de conseguir trabalho. Resolve, então, ir atrás de pessoas abastadas da cidade e matá-las para realizar o enterro.

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Entre muitas piadas e péssimos agudos de Joyce Jameson – o que também é muito divertido -, acompanhamos a história e a sucessão de equívocos da dupla dos atrapalhados Trumbull e seu ajudante Felix. Enquanto Price vive o cínico, mas ainda assim extremamente elegante chefe, Lorre traz doçura e ingenuidade ao serviçal, que é secretamente apaixonado pela mulher do patrão.

Como o dono da funerária temos Boris Karloff, em um papel divertidíssimo com suas ausências e participações atrapalhadas, como o discurso em um dos velórios. E para fechar com chave de ouro, Basil Rathbone como o cobrador que persegue Trumbull e tenta compensar sua frustração como ator nas noites solitárias. Sua representação de Macbeth, de Shakespeare, é sensacional.

Além dos quatro, o longa-metragem ainda conta com a participação inspirada de Jameson como a esposa rejeitada de Trumbull, que tem como função tocar e cantar nos velórios. Cada vez que ela começa a cantar, o desespero e as gargalhadas começam juntos. Joe E. Brown também está no filme, como o vigia do cemitério em uma ponta bastante divertida.

O objetivo de Farsa Trágica, como dizem os nomes no Brasil e nos Estados Unidos, The Comedy of Terror, não é assustar, mas divertir com o que há de macabro na situação daquela família que mora na funerária e de todos da pequena cidade que o estabelecimento atende.

Embora apresente alguma inconstância na graça, o filme sobreviveu bem ao tempo passado e tem momentos tão inspirados que é difícil não se render a ele. Seja pela leveza e naturalidade com que traz sua bizarra história, seja pela qualidade das atuações.

Um daqueles programas infalíveis.

Um Grande Momento:
“He is no dead but sleeping.”

Farsa-tragica_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=61okMqBsWn0[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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