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Emily, a Criminosa

O início, o fim, o meio

(Emily The Criminal, EUA, 2022)
Nota  
  • Gênero: Ação
  • Direção: John Patton Ford
  • Roteiro: John Patton Ford
  • Elenco: Aubrey Plaza, John Billingsley, Kim Yarbrough, Bernardo Badillo, Kara Luiz, Janice Sonia Lee, Wesley Han
  • Duração: 97 minutos

Filmes de gênero costumam ter caminhos seguros que são percorridos sem prestar muita atenção e sem grandes tentativas de mudança. São assim as produções e eu poderia estar falando delas, mas meu ponto é Emily, a mulher que tem o nome estampado no título do filme e já está ali taxada: a criminosa. Não importa se ela está fazendo tudo certo num subemprego que não paga suas contas e nem a dívida do crédito estudantil que a meteu em encrenca, ou se as vagas que cretinamente a oferecem na sua área são não-remuneradas em troca de portfólio no futuro, nem se por um algum tempo ela tenta se esquivar daquilo que é errado. Ela já está condenada.

Emily é uma protagonista que encontra o gênero e Emily, a Criminosa, pelo estilo e identificação da/com a personagem é um filme de ação bem competente naquilo que se propõe. Do começo desesperançoso a escalada frenética dos eventos, com seu caminho sendo atrEmiavessado por esquemas descobertos, resgates arriscados, reveses em invasões e fugas inesperadas, a jornada é repleta de elementos que atraem a atenção e geram aquela conexão fundamental para os filmes de roubo.

Muito se deve à boa atuação de Aubrey Plaza. A atriz, que vem se destacando em seus papéis em filmes como A Comédia dos Pecados e Best Sellers, transita bem entre o desânimo e a inquietação, sem fazer feio nas cenas em que tem que se transformar na durona que dá conta de tudo. Cenas como o resgate do cachorro da amiga ou o modo como titubeia na primeira reunião demonstram bem isso e, ainda que não seja tão fácil desvendá-la, estamos sempre muito próximos a ela, percebendo cada detalhe. 

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Em sua estreia na direção de longas, John Patton Ford, que também assina o roteiro, demonstra que tem habilidade com a manutenção da tensão e é bom em dar a seu filmes outras camadas, com alguma crítica social e elaboração da personagem. A ação do filme funciona, com vilões eficientes, contratempos bem colocados e alguns momentos de ansiedade, ainda que por alguns vezes a sensação de prolongamento se faça presente e até algumas facilidades do roteiro, que levam ao passado ou ao romance.

Bom exemplar do gênero, Emily, a Criminosa pode não ser algo completamente novo, mas sabe ser inventivo nos detalhes. A fotografia de Jeff Bierman ajuda e o longa conta com a marcante trilha musical de um dos mais interessantes compositores do cinema independente estadunidense da atualidade, Nathan Halpern, de Domando o Destino, Devorar, Catch the Fair One e outros tantos filmes. Porém, a verdadeira força está na relação com sua protagonista e em como Patton Ford e Plaza a transfornam em ser e sentido, personificando o gênero. Ainda que perdida na falta de perspectiva, em meio a aproveitadores declarados e enrustidos, Emily é o que é.

Um grande momento
Fugindo com o carro.

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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1 Comentário
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Lin de Varga
Lin de Varga
18/03/2023 11:33

Surpreende a atuação de Aubrey Plaza, muito boa mesmo. Se você der uma segunda olhada no filme e prestar atenção nela, verá as reações perfeitas a cada situação, raras em gente antiga na tela. Filme competente do princípio ao fim. Mas a crítica ,como é próprio dos críticos, tinha que colocar um senão. Acho que é para ficar mais bonitinho.

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