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Pela Janela

(Pela Janela, BRA/ARG, 2017)
Drama
Direção: Caroline Leone
Elenco: Magali Biff, Cacá Amaral
Roteiro: Caroline Leone
Duração: 87 min.
Nota: 9 ★★★★★★★★★☆

Rosalice viveu dedicada ao trabalho em uma fábrica de materiais elétricos, onde já estava há 30 anos e atuava como chefe. Fora de lá, seguia reativamente a acontecimentos aleatórios, como uma doença na família e afins. Um dia, ela é mandada embora e não tem ideia de como seguir em frente. Assim como a Carolina do Chico Buarque, percebe que a vida passou pela janela, e ela também não viu.

Destruída e sem ânimo ou forças para continuar, encontra amparo no irmão que hoje mora com ela e que a arrasta para um trabalho que ele precisa fazer. A jornada de Rosalice nessa espécie de road movie é progressiva e delicada. De dentro para fora, o filme respeita o tempo de sua personagem e nessa cumplicidade que assume com ela, transforma-se em uma obra envolvente e de muita potência.

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A consciência de Caroline Leone, aqui em sua estreia na direção de longas-metragens, é um dos principais pontos para isso. O modo como ela, que também assina o roteiro, distribui a ação e sabe se utilizar de pausas e momentos de contemplação para recriar a sua protagonista chama a atenção durante todo o filme.

Ao lado disso está a atuação irrepreensível de Magali Biff (Deserto) como Rosalice e o modo como ela compreende sua personagem, expondo uma transformação gradual em um trabalho cheia de sutilezas e nenhuma pressa. Ao lado dela, há ainda Cacá Amaral, como o atencioso irmão José.

No atual momento político, quando o Brasil parece ter perdido a capacidade de pensar no próximo e interesses nem um pouco humanos destroem muito do que foi conquistado em direitos, um longa sensível, delicado e tão pertinente como Pela Janela chega como um lampejo de esperança, como uma possibilidade de mudança e de um futuro diferente do que pode ser vislumbrado agora.

Realmente belo e tocante.

Um Grande Momento:
Cataratas.

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[45º Festival de Gramado]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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