- Gênero: Aventura
- Direção: Patricia Riggen
- Roteiro: Caitlin Parrish, Erica Weiss, Logan Miller, Noah Miller
- Elenco: Viola Davis, Anthony Anderson, Ramon Rodriguez, Antony Starr, Elizabeth Marvel, Marsai Martin, Christopher Farrar, Douglas Hodge, John Hoogenakker
- Duração: 105 minutos
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Quando Brie Larson ganhou um Oscar, foi fazer Capitã Marvel. Quando Jennifer Lawrence ganhou um Oscar, foi fazer X-Men. Quando Alicia Vikander ganhou um Oscar, foi fazer Tomb Raider. Viola Davis já ganhou seu Oscar há 8 anos (rápido, não é mesmo?), mas entre ele e seu novo filme, ela fez algumas produções descartáveis de ação; nenhuma delas se aproxima de G20, superprodução que é um dos maiores investimentos do Prime Video em 2025. O que tem de inofensivo aqui, também tem de esquecível, mas não podemos deixar de perceber como trata-se aqui de um filme daqueles que se fazem quando o artista pretende efetivar seu nome como uma marca de confiabilidade. Leia-se viável monetariamente.
O filme é dirigido pela mexicana Patricia Riggen, responsável por pérolas como Os 33 e Milagres no Paraíso; o primeiro, uma deturpação cinematográfica da história real sobre o conhecido acidente nas minas chilenas, o segundo, um daqueles melodramas cristãos. Há quase 10 anos sem entregar um filme novo, G20 é um produto que pega carona na tentativa de hoje do cinema de se reportar ao passado; todo mês é lançada uma carga de nostalgia nova. Ainda que o cinema tenha tido desde sempre essa proposta de revisitar algo que já deu certo, essa aura saudosista que invadiu as salas, e um saudosismo de momentos muito recentes, me pego cada vez mais espantado. Mas isso não fará com que esses filmes deixem de ser produzidos, porque a cada sucesso (ainda que merecido) de um novo Top Gun, de uma Barbie, os produtores terão certeza que estão no caminho certo.
Os acertos citados dão origens a diferentes versões dessa onda nostálgica, que consistem não em material de menor valor, ou menos importante narrativamente. O que acontece com produtos como G20 é que pouco se consegue exaltar diante da burocracia, em todos os sentidos. Se a história não tem um molho especial, se o elenco está cumprindo tabela (ainda que todos sejam talentosos, e demonstrem aqui), restaria a realização promover os temperos necessários para que a diversão fizesse sentido. No lugar de algum arrojo, o que temos é que mesmo a ação mostra o que já vimos, no passado remoto ou no recente. Você se diverte durante as quase duas horas de projeção, e a vida segue para o esquecimento do mesmo.
Enquanto não se encerra, no entanto, G20 se esforça enormemente para ter a autonomia que não conseguimos enxergar muito bem. Porque parece estar tudo conectado ao passado, mais de uma vez, em mais de uma sequência. A começar por Força Aérea Um, dirigido por Wolfgang Petersen em 1997, onde Harrison Ford tenta salvar seu avião presidencial sequestrado. Com um campo espacial bem mais amplo, o filme tem muitas teclas a apertar da contemporaneidade, como a participação da primeira-dama chinesa no imbróglio, sabendo todos nós da importância da China no cinema mundial hoje. Além disso, existe unidade na forma como o elenco do filme é composto, porque entendemos que aquela presidente protagonista faria escolhas afins.
Diante de tantas demandas, o filme ainda consegue criar algum senso coletivo. A ação não é exatamente a mais exemplar ou marcante, tendo em vista que Riggen não é especialista na área, que efetivamente um filme como esse pediria. São momentos genéricos, como a tradicional luta na cozinha, o clímax em um helicóptero (quase uma referência de telenovela, na verdade), ou a maneira como as personagens-chave são sempre mulheres, em cada cena. Isso não se configura como um problema, mas o formato geral é montado de forma engessada, nada imaginativa e com ausência de contornos marcantes, em qualquer área. Em linhas gerais, G20 é a definição do esquecível, e infelizmente esse é um formato no qual os streamings tem se especializado, tratando-se de linha de produção.
A presença de Viola Davis com certeza carrega dignidade ao projeto, mas isso é insuficiente para que algo se estabeleça além disso. Dignidade a um projeto? É isso que se espera de um filme? G20 acaba tendo como única função entreter, da maneira mais despretensiosa e sistemática possível. Com cada um de seus passos previstos e assimilados previamente, chegamos ao final da produção tentando entender como uma atriz como Davis, que realiza blockbusters do quilate qualitativo de A Mulher Rei, se conforma em estar aqui. A resposta não é sabida, porém é amplamente imaginada.
Um grande momento
Vilões gêmeos – ou quase