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Homens São de Marte… e É pra Lá que eu Vou!

(Homens São de Marte… e É pra Lá que eu Vou!, BRA, 2014)

Comédia
Direção: Marcus Baldini
Elenco: Mônica Martelli, Paulo Gustavo, Daniele Valente, Eduardo Moscovis, Humberto Martins, Marcos Palmeira, Peter Ketnath, Herson Capri, José Loreto, Milhem Cortaz, Ana Lúcia Torre, Irene Ravache, Lulu Santos
Roteiro: Mônica Martelli, Susana Garcia, Patricia Corso
Duração: 108 min.
Nota: 1 ★☆☆☆☆☆☆☆☆☆

Há uma crença de que só as mulheres que se casam alcançam a felicidade plena. Homens São de Marte… e É pra Lá que eu Vou! é um espécie de ode a esse tipo de pensamento equivocado e machista que já deveria ter deixado de existir há pelo menos umas cinco décadas.

O filme é uma adaptação da peça teatral de mesmo nome. Idealizado e protagonizado por Mônica Martelli, conta a história de Fernanda, uma organizadora de casamentos que está vendo a idade chegar, mas não consegue encontrar o seu príncipe encantado.

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Além de uma sucessão de clichês e personagens estereotipados, incomoda demais a pouca importância que a personagem dá a seus sucessos – e até a seu bem-estar – e o desespero para alcançar a tal felicidade. Equivocada logo na partida.

O fato de existirem pessoas que querem muito casar, embora tenha sido utilizado por muita gente que tenta defender o filme, não justifica o absurdo que é o longa-metragem. A reunião em uma única mulher de todos os clichês (também equivocados) que circundam o universo feminino beira o absurdo.

Tanto faz estar insatisfeita sexualmente ou pouco importa deixar um dos trabalhos mais importantes de sua carreira para trás no meio do caminho, tudo vale a pena se você tem alguma chance de se casar. Para piorar, o único momento em que Fernanda impõe algum limite a seu desespero é quando o seu namorado da vez, um homem rico, poderoso, influente e maravilhoso, resolve propor uma nova experiência sexual.

São muitos momentos constrangedores. Mas o pior está fora das telas, quando um legião de pessoas resolve se identificar com as situações vividas pela “mocinha”. Essa nociva associação de que não há felicidade sem um homem que a proteja e esteja ao seu lado já deveria ter sido banida da sociedade há muito tempo, e não estar sendo estimulada por aí, mesmo com a prerrogativa do humor.

Reparem que não há ninguém aqui contra os relacionamentos, ou contra o construir a vida ao lado de alguém. O que se repudia é a imagem antiquada e submissa que dominou o mundo tempos atrás, a desvalorização do individual e a falta de crença na capacidade por ter nascido com um órgão sexual diferente daqueles com quem se convive.

Fora a gravíssima questão, Homens São de Marte… e É pra Lá que eu Vou! tem uma estrutura cômica comum e bastante presente nas salas de cinema do Brasil hoje em dia. Ainda que conte com atuações divertidas de Paulo Gustavo e Daniele Valente como os fieis escudeiros de Fernanda, e de pontas curiosas, como a de Ana Lúcia Torre como a tia faladeira, o filme acaba indo e voltando em si mesmo e fica devendo no envolvimento.

Mas até que faz rir em alguns poucos momentos. Pena que propagando um tema que, ao contrário, deveria ser enterrado e esquecido.

Desnecessário.

Um Grande Momento:
O banheiro no rio.

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=DcabwNmNEb0[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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