- Gênero: Fantasia
- Direção: Takashi Shimizu
- Roteiro: Eisuke Naitô, Takashi Shimizu
- Elenco: Gô Ayano, Ryu Ito, Anna Ishii, Yukino Kishii, Ryô Narita, Seiyô Uchino
- Duração: 115 minutos
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Como uma plataforma que quer conquistar todos os públicos, a Netflix investe continuamente em conteúdos dos mais diversos. Uma de suas frentes é o universo Otaku, o de fãs de mangás e animes. Entre as muitas séries e filmes adquiridas, entrou no catálogo recentemente Homunculus, adaptação do mangá Seinen — destinado a adultos — de mesmo nome. O filme conta a história de Nakoshi, um homem sem memória e sem-teto que vive em um carro e passa seus dias entre os mendigos do parque e um hotel de luxo e decide aceitar participar do experimento de Ito, um jovem médico excêntrico que quer provar suas teorias sobre trepanação.
Com um visual elaborado, o filme consegue trazer para o live-action bastante do tom que se encontra nos desenhos (animados ou não), algo não tão comum em adaptações do gênero. Porém, falta uma certa constância nessa aproximação, o que traz problemas ao longa. A identidade fica meio perdida entre o tom tradicional e exagero que marcam as narrativas orientais. O mesmo desequilíbrio pode ser percebido nas atuações dos dois antagonistas: enquanto Ryu Ito tem o tom acima característico, Gô Ayano se desequilibra na apresentação, muitas vezes sendo deveras comedido, mesmo quando imerso em seu novo universo.
Após o procedimento de trepanação – que consiste em uma técnica ancestral de perfuração do crânio cercada de lendas, entre elas a de estimular o sexto sentido, o filme tem a possibilidade de criar um novo mundo. Homunculus, conquista pela criatividade gráfica. Embora seja notório que muitos de seus elementos sejam feitos com materiais improvisados, toda a elaboração da construção gráfica dos traumas que Nakoshi passa a enxergar tem dedicação e qualidade. A descoberta do novo dom é ótima.
O diretor Takashi Shimizu, bastante conhecido mundo afora por ter sido o responsável pela franquia de horror O Grito, e outros filmes como O Terror do Coelho e Almas Reencarnadas, reconhece o potencial do que tem nas mãos e se aplica. As histórias paralelas dos encontros do protagonista, que definirão seus poderes e sua própria configuração, são o exemplo da vontade de dar o tom de anime, mas muito mais de impressionar com a capacidade visual.
Por trás da estética de Homunculus, infelizmente, há uma história que tem muito mais potencial do que dedicação no desenvolvimento. São bons elementos, personagens promissores, e uma mensagem que tem lá o seu valor, mas a adaptação do próprio diretor e Eisuke Naitô não consegue se distribuir no tempo. Do muito que dedica à elaboração de Nakoshi e Ito, inclusive dando bastante ênfase ao suspense, deixa faltar ao desfecho apressado demais. Mas nada que invalide completamente a curiosa viagem.
Um grande momento
Vazio