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Ilha de Segredos

Genérico indefensável

(Black Island, ALE, 2021)
Nota  
  • Gênero: Suspense
  • Direção: Miguel Alexandre
  • Roteiro: Miguel Alexandre, Lisa Carline Hofer
  • Elenco: Hanns Zischler, Alice Dwyer, Mercedes Müller, Philip Froissant, Sammy Scheuritzel
  • Duração: 104 minutos

Não há nada em Ilha de Segredos que você já não tenha visto um monte de vezes em vários outros filmes. Tudo na trama parece ter sido reciclado de filmes com temática parecida. A história de vingança é rasa e a sensação genérica vai se confirmando a cada novo movimento de Helena, a forasteira misteriosa que chega à ilha e está em todos os eventos trágicos que acontecem a partir de então.

O alvo dos maus agouros é a família Hansen, que vai perdendo seus integrantes até que sobrem apenas o patriarca, Friedrich e o jovem Hans. O diretor Miguel Alexandre não tem muita segurança no caminho que vai seguir e, pula no tempo para tentar encontrar sua história, esta, por sua vez, vai sempre precisar desses resgates para fazer sentido. São subterfúgios que, se funcionavam em telefilmes dos anos 1990, hoje soam ultrapassados e despertam pouco interesse.

Os personagens também vêm marcados com traços de um tempo que ficou para trás. A ingenuidade de Hans é descabida, assim como a própria vilania de Helena. É como se a Ilha estivesse parada naquela década e todos estivessem vivendo uma história que, apesar da modernidade dos gadgets, veículos e outras determinações temporais, não tivessem evoluído. Perdidos nesse ambiente impreciso estão os atores Hanns Zischler (Munique), Alice Dwyer (8 Dias), Mercedes Müller (Brüder) e o estreante Philip Froissant, que nem parecem se esforçar muito para fazer algo muito elaborado, mas também não teria como.

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Ilha de Segredos
© Netflix

O roteiro do próprio diretor e de Lisa Carline Hofer está tão preocupados com os passos da vingança e com os eventos que se esquecem de dar atenção ao desenvolvimento dos personagens. Com uma história que já carece de originalidade, pessoas que estão ali apenas para sofrer ações tornam a experiência ainda mais distante. A sorte de Ilha de Segredos é o visual, a pequena cidade marítima, além do belo litoral, tem vários espaços a serem explorados, e o faz em caminhadas e passeios de bicicleta que distraem.

Além disso, é só uma trama recheada de reviravoltas esperadas. Até mesmo quando pode surpreender, causando alguma tensão no espectador — sim, existe esse momento –, se empolga e prolonga demais o momento. Pior do que isso, se dificulta a descoberta, facilita tanto a fuga que põe tudo a perder. E esse tipo de quase conexão com a trama nem se repete, porque são poucas as vezes que sentimentos mais profundos são despertados desse jeito. 

Ilha de Segredos é o típico filme ao qual se assiste porque já começou e “se quer ver onde vai dar”, mas que, em pouco tempo, nem se lembra direito da trama. Daqueles que se corre o risco de, daqui a um tempo, começar a assistir no MyTime e lembrar, lá pela metade, que já viu antes. Uma produções difícil de defender.

Um grande momento
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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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