Drama
Direção: Bruna Schelb Corrêa
Elenco: Giovanna Tintori, Mc Xuxu e Helena Frade
Roteiro: Bruna Schelb Corrêa
Duração: 66 min.
Nota: 5
“O automatismo psíquico em estado puro, mediante o qual se propõe exprimir, verbalmente, por escrito, ou por qualquer outro meio, o funcionamento do pensamento. Ditado do pensamento, suspenso qualquer controle exercido pela razão, alheio a qualquer preocupação estética ou moral”.
A definição de André Breton para o surrealismo volta à cabeça logo nos primeiros momentos IMO. Dirigido por uma mulher, Bruna Schelb Corrêa, e com as cabeças de equipe no set também mulheres, o filme, num fluxo imagético sensorial, traz o que é o “ser mulher” nos dias de hoje.
O começo é interessante, e segue bem de perto a lógica surrealista, o que se vê é um apanhado de sensações e sentimentos que surge sem muita ordem ou cadência. As histórias, assim como o pensamento que ocorre em cada evento, têm o seu próprio tempo de se desenvolver. Alguns processos são lentos, outros exprimem-se com urgência e todos culminam no radicalismo.
Porém, se o longa-metragem encontra força na liberdade de sua criação e na seleção apurada de imagens, não consegue se sustentar até o final. Episódico, entrega-se primeiro ao surrealismo para, em seu desfecho, guiar o espectador e explicar aquilo que acabara de exibir. Algo que contraria o propósito já internalizado por quem aceitou a proposta do filme.
É compreensível que ao falar de algo tão complexo como o “ser mulher” numa sociedade patriarcal, onde o machismo está arraigado, busque-se o didatismo. Porém, em um filme que abre mão das palavras, aposta nos signos e na permanência da imagem, a obviedade literal causa uma ruptura irreversível.
Nem por isso IMO deixa de ser um experimento audiovisual interessante em sua concepção e elaboração. Ao buscar no surreal seu modo de tratar uma questão tão presente e latente e, mais, abrir espaço para referências muito próprias, Schelb Corrêa cria um universo curioso e envolvente.
Um Grande Momento:
O telefone.