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Diamantino

(Diamantino, POR/FRA/BRA, 2018)
Comédia
Direção: Gabriel Abrantes, Daniel Schmidt
Elenco: Carloto Cotta, Cleo Tavares, Anabela Moreira, Margarida Moreira, Carla Maciel, Chico Chapas, Hugo Santos Silva, Joana Barrios, Filipe Vargas, Maria Leite
Roteiro: Gabriel Abrantes, Daniel Schmidt
Duração: 96 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

O universo de Diamantino está ali em algum lugar entre o fantástico e o absurdo. De associação muito evidente – é possível nomear a inspiração muito antes de dois minutos de filme, mesmo que o letreiro inicial diga que não é nada disso -, o filme da dupla Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, é uma fábula surreal sobre o jogador de futebol português que o dá nome.

Por trás deste jogador de futebol abobado que não tem noção nenhuma da realidade e imagina cachorros peludos no campo enquanto joga, está a crítica à criação de ídolos de maneira específica e, de maneira macro, à própria questão portuguesa de xenofobia, discriminação étnica e crise migratória.

Há muito tema a ser tratado em Diamantino e talvez esse seja um descompasso no filme, pois não há um equilíbrio na concepção destas passagens. Enquanto algumas das questões conseguem se integrar à trama de maneira mais orgânica, como a da imigração; outras, embora até funcionem bem individualmente, não casam com o conjunto. Essa sensação de desequilíbrio narrativo acompanha todo o longa, que consegue se manter graças ao inusitado e ao humor.

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Estilisticamente, a maior força está em quando se entrega aos exageros, seja nos delírios visuais que constrói para ilustrar a falta de noção de seu protagonista ou daqueles que querem se aproveitar dele, seja quando assume o tom dos filmes de espionagens em seu clímax, pesando a mão na trilha, no jogo de câmera e na sequência clichê de eventos.

Arriscado, Diamantino vai até o limite do mau-gosto, flerta com a dramaturgia afetada e constrói uma farsa muito eficiente sobre esse universo absurdo do futebol que aqui no Brasil também se conhece tão bem. Tinha tudo para dar muito errado, mas de um jeito estranho e cor de rosa, dá certo.

Um Grande Momento:
Cachorros peludos.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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