- Gênero: Suspense
- Direção: Adam Salky
- Roteiro: Chris Sparling
- Elenco: Freida Pinto, Logan Marshall-Green, Robert John Burke, Megan Elisabeth Kelly
- Duração: 92 minutos
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Está tudo tão certinho no lugar que alguma coisa deve estar errada ali. E essa a sensação por todo o começo de Intrusion, estreia da semana na Netflix. Dirigido por Adam Salky e protagonizado por Freida Pinto, atriz descoberta em Quem Quer Ser um Milionário?, o filme é um thriller de estrutura bem clássica, onde apresenta seus personagens e a dinâmica entre eles até o evento traumático, que vai modificar e indicar os caminhos para a investigação e resolução do suspense. Aqui, Meera e Henry, seu marido, são um casal que se mudou há pouco para uma linda e isolada casa projetada por ele buscando um novo recomeço de vida.
Trama batida, uma vez que casas projetadas tornam-se personagens de suspenses com uma certa facilidade, que o digam O Homem Invisível, O Quarto do Pânico, Mudança Mortal e por aí vai, o roteiro de Chris Sparling (Mar de Árvores) tem sua graça na costura das histórias e em como elabora o desvendar de sua trama principal. O longa aposta na loucura e comparação de dois tipos de dominação, ainda que peque na criação dos elementos e dê à parte importante do filme característica de acessória, em especial o passado da esposa, que poderia servir apenas para tentar temperar ou justificar certas situações.
Esta que é a trama primeira — praticamente, nas entrelinhas, é o que apresenta o casal ao público –, é meio atabalhoada e foge à concisão dada ao roteiro de Intrusion, tendo escapes óbvios demais. Porém, é interessante descobrir, mesmo em sua insuficiência, o quanto a doença é um ponto importante na definição da persona de Henry, vivido por Logan Marshall-Green (O Convite), o marido que, com um jeito de cuidador e atencioso, tem o controle absoluto de todas as ações de sua esposa. Das óbvias manias à fala mansa toda vez que vai dizer alguma coisa mais séria e demonstrar sua preocupação, ele é aquele que, de certa forma a tem como prisioneira, como uma eterna devedora.
É a sanha dessa dominação doentia que move o filme. E Meera, que como outras vítimas de relações tóxicas (ele aguentou tudo ao meu lado, poucos homens fariam isso) não sabe onde se encontra. Ela demora a perceber o que está acontecendo. Quando isso acontece, o filme ganha força e o thriller se estabelece, inclusive com suas gratuidades: as pessoas que não fazem nada em situações ultra-suspeitas, barulhos que nunca são ouvidos, elementos que jamais são vistos e aquelas fugas para lugares mais perigosos. Tudo esperado e nada que comprometa a funcionalidade e o entretenimento que o filme promete desde o começo.
Intrusion parte de uma ideia interessante, usando a tensão e o sempre atrativo suspense enquanto gênero cinematográfico, para comparar o extremo ao cotidiano, o explícito àquilo que está encoberto, mas tropeça e se atrapalha na distribuição dos eventos. A direção de Salky também se confunde um pouco e não sabe dar ritmo à história, perdida entre a ação e a temática, e deixando a desejar na condução dos atores. Mas é um filme que funciona no que vai além disso, com uma capacidade regular de driblar a previsibilidade incontornável e com reviravoltas funcionais.
Um grande momento
Confrontando