Drama
Direção: Destin Daniel Cretton
Elenco: Jamie Foxx, Bryan Stevenson, Brie Larson, Hayes Mercure, O’Shea Jackson Jr., Rafe Spall, Terence Rosemore, Darryl W. Handy, Darrell Britt-Gibson,
Roteiro: Jeannette Walls (livro), Destin Daniel Cretton, Andrew Lanham
Duração: 137 min.
Nota: 5
Segundo filme de tribunal em cartaz na semana no Brasil, Luta por Justiça traz à tona um dos mais graves problemas do maior sistema prisional do mundo, o dos Estados Unidos. Com uma população carcerária que não para de crescer e a variedade legislativa de uma confederação, que permite que seus estados estipulem as punições para os crimes, ainda há vários lugares que defendem e aplicam a pena capital.
Acontece que, em um sistema humano, e obviamente suscetível a erros, muitas dessas penas são impróprias e vários inocentes são punidos indevidamente. Como no Brasil, a maioria pobres e negros, principalmente nos estados reconhecidamente mais racistas.
O filme conta a história real de Walter McMillian, acusado pelo assassinato da jovem Rhonda Morrison. Depois de anos de investigação sem encontrar nenhum culpado, ele foi preso sem provas e condenado por um júri popular a prisão perpétua, porém, o juiz mudou a sentença para pena de morte. Já no corredor da morte, Bryan Stevenson assume o caso, junto a outros em seus primeiros passos na fundação da associação Equal Justice Initiative (EJI).
Dirigido pelo havaiano Destin Daniel Cretton, o longa tem, sem dúvida, uma história interessante, com grande potencial dramático para uma boa trama de tribunal e um bom gancho para debater questões sociais importantes, no entanto, há uma dificuldade em aproveitar tudo o que ela oferece e o apego ao já tantas vezes visto faz o caminho ser ainda mais difícil.
Com personagens marcados e interações que não soam orgânicas, elementos estéticos intrometidos e manipuladores, Luta por Justiça é artificial demais para envolver quem o assiste. Ainda que tenha alguns bons momentos, com pontuais passagens no roteiro, a amarração é frouxa, o tom é piegas e o peso que se dá aos eventos nem sempre é o mais adequado para que o conjunto funcione.
Ainda assim, Jamie Foxx e Michael B. Jordan se esforçam ao máximo para fazer um bom trabalho com suas personificações de Walter e Bryan, respectivamente, e conseguem. É muito mais difícil para Brie Larson, que ainda tenta com sua Eva Ansley, uma figura bastante deslocada e até um pouco inadequada no contexto geral.
Sem se decidir por qual caminho seguir, o filme vai para o tribunal, mas não sabe se se dedica ou não aos depoimentos e às argumentações dos advogados, também não se decide entre a atenção ou não ao psicológico dos envolvidos – embora tenha boa cena do retorno de Walter à prisão – e aposta em alternâncias esquisitas, como o off de Bryan ou as imagens reais ao final do filme.
São tantas coisas, misturadas e por tantos lados, que Luta por Justiça acaba esvaziando-se. Assim não há história interessante ou necessária que se sustente. É de se lamentar, porque a pena de morte, que, na verdade, é um disfarce para o extermínio de negros e pobres, e iniciativas como a EJI, que combatem a exclusão, mereciam um filme melhor.
Um Grande Momento:
Voltando à cadeia.
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