Crítica | Streaming e VoD

M3GAN

(M3GAN, EUA, NZL, 2022)
Nota  
  • Gênero: Terror
  • Direção: Gerard Johnstone
  • Roteiro: Akela Cooper, James Wan
  • Elenco: Allison Williams, Violet McGraw, Ronny Chieng, Amie Donald, Brian Jordan Alvarez, Jen Van Epps, Stephane Garneau-Monten, Lori Dungey, Amy Usherwood, Jack Cassidy
  • Duração: 102 minutos

Na palma da mão, estava o tamagotchi; no colo, o furby, e veio o tablet que fazia com que “sem ele, ela estaria pulando de um lado para o outro sem parar aqui dentro”. Tudo isso está no novo filme de Gerard Johnstone, do bom Housebound, prenunciando M3GAN, a boneca realista com inteligência artificial que deixa todos os outros brinquedos e distrações infantis para trás. Trazendo o desconhecimento sobre os limites da tecnologia como principal elemento de medo, numa trama que passa pela formação da personalidade e no luto, eis em tela um longa que tenta ir além do esperado para ser mais do que só diversão fácil.

M3GAN quer falar de IA e chamar atenção para seus perigos, quer citar a superexposição infantil à tecnologia. Porém, sem encontrar toda a elaboração e reflexão, como visto no japonês Vulnerability, é só mais um produto de Hollywood e não deixa de lado sua preocupação com a ação. Com história de James Wan, o rei das bonecas sinistras, como ele mesmo se autointitulou, e roteiro de Akela Cooper, de Maligno, vai pelo caminho esperado de causalidade, seguindo a boa e segura ordem tradicional, com personagens igualmente reconhecíveis.

M3gan
Universal Studios

Da psicóloga à vizinha implicante, do chefe ganancioso ao bully, todos estão ali fazendo aquilo que esperamos que façam. Como novidade, há M3GAN, a boneca, uma versão mais tecnológica e menos demoníaca, no sentido literal da palavra, do que Chucky, que ao personificar uma independência a la Skynet diverte com sua obsessão, lembrando vários vilões de carne e osso de suspenses e terror que já vimos em outros filmes, em atos e palavras. 

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Johnstone até se sai bem na organização desses elementos conhecidos e, ainda que não explore todas as suas possibilidades, trilha um horror funcional, com bons sustos e uma monstrinha envolvente. Mas em M3GAN, tudo está muito enquadrado, e talvez ser um filme com as coisas adequadas demais, sem ousadias e tentativas o atrapalhe mais do que ajude.

M3gan
Universal Studios

Existe ali uma história que poderia abrir lacunas e levar a outros lugares, mais sinistros e complexos, em especial com a trama de Cady, sua perda e conexão, que acaba ficando em segundo plano e se resolva fácil demais. No final das contas, o que se apresenta é só o habitual. Mas não dá para dizer que o entretenimento não é eficiente. É fácil curtir os equívocos da cientista maluca moderna e a boneca esquisita que ela cria, com toda sua literalidade vingativa e os seus outros defeitos sanguinários. Sem dúvida, M3GAN tem os seus momentos, e eles são bem bons.

Um grande momento
“Titanium”

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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