- Gênero: Ficção
- Direção: Thiago Kistenmacker
- Roteiro: Thiago Kistenmacker
- Elenco: Sanni Est, Gabriela Reis, Fernando Alves Pinto, Gabriel Freire, Mitat Marques, Thaylla Varggas, Àlec Rahzel, Manoela Menandro, Lorena Malschik
- Duração: 15 minutos
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Deus fará
Absurdos
Contanto que a vida
Seja assim
Sim
Um altar
Onde a gente celebre
Tudo o que Ele consentir
Há de surgir e há de se apagar uma estrela cada vez que se descobre quem se é desde que se nasce nesse planeta Terra. Surgiu Mário, se apagou Marina aquela que conta essa história. De Tiago Kistenmacker, Memória de Quem (não) Fui ri e chora por uma vida que, como uma estrela cadente, passou e se apagou cedo demais.
Comovente retrato da homofobia no seio familiar, Memória de Quem (não) Fui está na mostra de curtas brasileiros de Gramado. No tom, já traz uma alegria que parece não se sustentar quando Marina responde ao convite da namorada para cantar no karaokê com alguma hesitação. Do ambiente alegre em um bar na Feira de São Cristóvão até a cumplicidade das duas, fugaz é a paz da menina; alimentado pela imortal canção de Gil (“Estrela”), Kistenmacker progride na história de sua protagonista a levando a um encontro com sua criança interior, o menino doce de cabelos cacheados Mário.
Há saudade, inocência, uma boneca querida e também a dor da incompreensão. Há amor… quando a namorada canta “Uma estrela no céu cada vez que ocê sorrir.”
“Você pode enterrar a sua filha como quiser mas nunca vai enterrar quem ela era”
Rejeitada, usurpada de seu próprio corpo Marina é defendida pela sua família escolhida perante o pai. Aquele que a fez quando criança se sentir desajustada por querer brincar de boneca. Um ator com muitos recursos, Fernando Alves Pinto faz muito com pouco tempo de tela, por meio das expressões e na caracterização. Com o buquê de flores no cemitério, buscando a boneca guardada na memória e vivendo de lamento tardio, ele abrilhanta mais a história.
Uma estrela brilha quando Marina verte uma lágrima enquanto seu corpo esfria no necrotério. Há um espelhamento com o também delicado Os Sapatos de Aristeu, de René Guerra nas cenas fúnebres mas o tom não é de pesar. É o de se encontrar, de ser lembrada como se era. De fazer surgir uma nova estrela lá no céu.
Um grande momento
Quando criança, dança com vestido vermelho