- Gênero: Comédia
- Direção: Rodrigo Bittencourt
- Roteiro: Rodrigo Bittencourt, André Pellegrino, João Santanna
- Elenco: Isabella Santoni, Agatha Moreira, Lucas Salles, Victor Lamoglia, Guta Stresser, Kiko Mascarenhas, Daniel Curi, Rafael Infante
- Duração: 94 minutos
-
Veja online:
“Toma um drink comigo essa noite?”
“E beberíamos o quê?!”
“O suor dos nossos corpos”
????
Tem algumas produções fruto da indústria do audiovisual brasileiro – e quiçá mundial – que, por mais que se quebre a cabeça para entender porque foram cometidas, jamais se obterá a resposta para tal indagação persistente. Mesmo com cineastas daqui provando que é possível fazer cinema comercial nesse país sem ser vazio ou péssimo, vide Julia Rezende e o seu Depois a Louca Sou Eu, outras obras constrangedoras que tentam emular a fórmula já cansada de comédias românticas hollywoodianas insistem em pipocar. É o caso de Solteira Quase Surtando e desse Missão Cupido, que acaba por gerar uma tristeza enorme e frustração em ter que assisti-los e depois ainda criticar os sem número de defeitos, deslizes e inconsistências
Depois do diálogo esquizofrênico e cafona que abre essa resenha, proferido pela chavequeira Morte (Ágatha Moreira) e pela mocinha Rita (Isabella Santoni), embaladas por um clima de sedução semelhante ao das produções B supostamente lésbicas do antigo Cine Privê na Rede Bandeirantes, difícil foi seguir assistindo a Missão Cupido sem cair na gargalhada ou pensar no tempo gasto que poderia estar sendo aproveitado de forma melhor.
A tentativa de história gira em torno do dilema do anjo carioca Miguel (Lucas Salles, mais um comediante promovido a ator sem um pingo de talento dramático correndo nas veias, como Leandro Hassum) com sua protegida, Rita, que aparentemente foi praguejada por ele no berço. A “missão” do anjo da guarda é, segundo o próprio resolve do nada, arranjar um par para a menina finalmente se abrir para alguém e ser feliz para sempre. Se a trama e a motivação já são fracas, elas vêm embaladas num pacote de papel celofane com fitilho de plástico. A trilha sonora, a fotografia, os efeitos digitais são de péssimo gosto e em alguns casos, tecnicamente defeituosos.
Os olhos sangram ao ver tantos talentos desperdiçados como o de Guta Stresser (Dona Marlene) e Victor Lamoglia (Rafael), apenas caricatos ou representações femininas que não se sustentam e nem tem mais razão de existir, como a amiga ninfomaníaca da protagonista (vivida por Thais Belchior) com quem Rita divide sociedade em uma confeitaria….
Rodrigo Bittencourt escreveu e dirigiu essa abominação celestial vendida como filme – com colaboração de roteiro de André Pellegrino e João Sant’Anna (só se contribuíram pra piorar o que já era sofrível), com toda a sorte de clichês envolvendo interações entre mortais e anjos no cinema, de O Céu Pode Esperar, passando por Ghost: do Outro Lado da Vida, Constantine e Nosso Lar.
Contando ainda com uma homenagem inverossímil a Kill Bill (vai ver o cineasta é fanzão de Taranta), em Missão Cupido está posto um arsenal de clichês sobre clichês das comédias românticas que até poderiam soar como uma paródia mas, com uma nulidade de roteiro, apenas se sucedem em cena.
Rafael Infante fazendo o presidente ama Deus Divino Maravilhoso meio bon vivant é realmente quem tira leite de pedra, multiplica pães e peixes e torna a experiência de assistir a esse “filme-arremedo” um pouco menos sofrível. Se fosse um filme com um monte de esquetes de personagens que ele interpreta no Instagram, como Cauê good vibes ou Valkyria já valeria (e muito, muito mais) a sentada para assistir.
Por mais troncho que seja Missão Cupido gerou mais de 1.200 empregos diretos e diretos em suas etapas de realização e distribuição, além de impostos e outras receitas.
Um grande momento
Créditos sobem