(Mortdecai, GBR/EUA, 2015)
Direção: David Koepp
Elenco: Johnny Depp, Gwyneth Paltrow, Paul Bettany, Ewan McGregor, Olivia Munn, Jonny Pasvolsky, Michael Culkin, Ulrich Thomsen, Alec Utgoff, Rob de Groot, Guy Burnet, Jeff Goldblum, Paul Whitehouse, Norma Atallah, Nicholas Farrell, Karl Theobald
Roteiro: Kyril Bonfiglioli (romance), Eric Aronson
Duração: 107 min.
Nota: 5
Assim que foi lançada, a comédia Mortdecai: A Arte da Trapaça recebeu tantas avaliações negativas, tantas críticas ruins, que o filme deixou de ser uma prioridade para muita gente e acabou esquecido nas prateleiras. Até que, claro, teve sua existência relembrada pelo Troféu Framboesa de Ouro e entrou no catálogo da Netflix.
Com tanta propaganda contrária é até normal que o filme não decepcione tanto os novos espectadores. Claro que não passa a ser um filme bom, mas está bem longe de ser tão ruim quanto foi alardeado. Mesclando novas tendências com alguns dos cacoetes das antigas comédias policiais seriadas, define seu caminho no exagero e assume a opção.
Mortdecai é um aristocrata falido que sobrevive graças às trapaças que faz como negociador de obras de arte. Criado pelo escritor Kyril Bonfiglioli, foi protagonista de uma série de livros. Entre eles “Don’t Point that Thing at Me”, que chega agora aos cinemas com adaptação de Eric Aronson (Na Linha do Trem).
Nesta história, o marchand trambiqueiro está procurando um jeito de saldar as dívidas e fugir da insolvência, mas fracassa nas primeiras tentativas. Ele vê uma oportunidade depois que o MI-6 o contata para solucionar o assassinato de uma famosa restauradora enquanto ela trabalhava na restauração de um Goya.
Quem vive o personagem título é Johnny Depp (Caminhos da Floresta), em mais uma interpretação carregada de exageros, tanto de atuação quanto de maquiagem. Mas nada que não funcione muito bem com a proposta principal do filme.
Seus parceiros de cena, Gwyneth Paltrow (Homem de Ferro), Ewan McGregor (Álbum de Família) e Paul Bettany (O Código da Vinci), como o fiel escudeiro Jock, também compreenderam muito bem a intenção do diretor David Koepp (Ghost Town – Um Espírito Atrás de Mim) e não fazem questão nenhuma de ser comedidos na construção de seus personagens.
Apesar das falhas no roteiro, relações pouco explicadas e a repetição de algumas piadas, o longa-metragem até desperta a atenção do espectador e consegue se estabelecer como uma comédia de costume com cara de antigamente. Ainda que um pouco mais violenta e menos ingênua.
Além de uma trilha sonora interessante, há todo um trabalho interessante no desenho de produção, assinado por James Merifield (Um Pouco de Caos), na montagem de Derek Ambrosi e Jill Savitt (que trabalharam juntos em Perigo por Encomenda), e na fotografia de Florian Hoffmeister (Amor Profundo), que dão ao filme essa aura televisiva que transposta o espectador para algum lugar conhecido, mesmo que não exista uma empatia tão evidente entre ele e os personagens.
Mortdecai: A Arte da Trapaça não é a coisa horrorosa que falavam, mas também não chega a ser uma coisa realmente boa. Sem grandes pretensões, diverte.
Um Grande Momento:
“Balls”.
Links
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