- Gênero: Drama
- Direção: Hannah Marks
- Roteiro: Vera Herbert
- Elenco: John Cho, Mia Isaac, Kaya Scodelario, Josh Thomson, Jen Van Epps
- Duração: 109 minutos
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Logo de cara eu conto o que acontece e você vai ficar aí sentado acompanhando como chegamos até esse ponto, para ver que tudo vai acontecer como você imaginou ou para ter a certeza de que vai mesmo se concretizar. Não são poucos os roteiros que usam o subterfúgio. Alguns são bem diretos, outros tão cheios de reviravoltas que acabamos por esquecer que estamos vendo algo que foi previamente determinado. É o caso desse Não Me Diga Adeus, disponível no Amazon Prime Video, que nos avisa que não vamos gostar do modo como a história acaba, mas vamos gostar dela.
Dirigido por Hannah Marks, do divertido Mark, Mary & Some Other People, o filme já quebra o clima que poderia estar pesado pelo que foi dito com uma trilha divertida e uma iluminada e atrapalhada sequência em uma praia de nudismo. Sim, é isso mesmo. A história que conta é a de um pai solteiro que descobre uma doença terminal e decide levar sua filha adolescente para uma viagem em busca de um passado que ela desconhece. Ela está pessando por todas aquelas situações básicas da idade, e ele não sabe muito bem como lidar com elas. Nada muito diferente do que já vimos muitas vezes antes.
Um dos pontos altos de Não Me Diga Adeus está na química entre os protagonistas John Cho (Buscando…) e Mia Isaac (Influencer de Mentira) como os dois únicos membros da pequena família Park. Indo além das boas atuações individuais, em suas diferenças e similaridades, entre atritos e afetos, os dois se entendem muito bem em cena. A diretora sabe se aproveitar disso e faz com que seu road movie se alicerce sobre isso. Algumas participações especiais, como a de Kaya Scodelario (Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City), como a amante de Max, e de Josh Thomson (Armas em Jogo), como o amigo da faculdade, acrescentam à experiência.
Há simplicidade no desenvolvimento do roteiro de Vera Herbert, que nem de longe tenta inventar a roda e aproveita particularidades de uma trama que está cheia de lugares-comuns. Marks também filma bem e faz escolhas seguras, mesclando a estética e definindo a diferença geracional de maneira gráfica. Porém, ela ganha mesmo o público com o afeto. O modo como a história vai se desenvolvendo, como vamos nos relacionando com os eventos e nos afeiçoando aos personagens à medida que a história avança é bastante eficiente.
Ainda que recheado de acontecimentos e novidades no percurso dos dois viajantes, o longa tem muitos daqueles momentos para que os personagens sejam conhecidos pelos que os acompanham e por eles mesmos. Longe da escola e da rotina do cotidiano, em quartos de hotel e dentro do carro, Max e Wally têm muito a falar e ouvir. Obviamente que há clichês e situações menos interessantes, mas outras são divertidas e mantém a pegada do filme.
Como todo filme que trata de questões sensíveis como aquela em que se baseia, Não Me Diga Adeus não tem nada de muito novo e tem algumas doses de manipulação, mas é doce na medida e sabe compensar seus pontos negativos. E, de certa forma, surpreende, mesmo que todo mundo tenha sido avisado sobre o final.
Um grande momento
“The Passenger”