Com o tema “A Gente Quer+”, o Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade chega à sua 33ª edição com uma das maiores programações de sua história. Entre os dias 12 e 23 de novembro, o evento ocupa diversos espaços da capital paulista, entre eles o CineSesc, o Centro Cultural São Paulo, o Cine Olido, o Cinemark Cidade São Paulo, o Instituto Moreira Salles, o Reserva Cultural, o Museu da Diversidade Sexual, o MIS, a Biblioteca Mário de Andrade, a Galeria Vermelho, o Tendal da Lapa e o Teatro Sérgio Cardoso. São 142 filmes de 33 países e 18 estados brasileiros, além de uma série nacional, oito espetáculos teatrais, experiências XR vindas de países como França, Benin, Suíça, Coreia do Sul e EUA, e ainda exposições, performances, literatura, games e conferências.
O festival segue expandindo seu alcance e se afirmando como o maior evento cultural LGBT+ da América Latina. Seu diretor, André Fischer, destaca que esta edição reafirma a vocação do MixBrasil como plataforma de criação, afeto e resistência. “Mesmo com escassez de investimentos públicos e privados e retrocessos em várias frentes, o festival cresce e celebra uma das maiores programações da sua história”, afirma. Ele explica que a colaboração internacional foi fundamental para viabilizar uma edição tão abrangente. “A parceria com a Temporada França–Brasil 2025 e a seção Mundo Mix, que homenageia a Polônia, reforçaram essa potência coletiva”, diz.
A abertura, no dia 12 de novembro, traz o longa “Me Ame com Ternura”, da francesa Anna Cazenave Cambet, inédito em São Paulo. Exibido em Cannes, o filme acompanha Clémence, vivida por Vicky Krieps, que decide abrir seu coração ao ex-marido para contar que está vivendo novos amores, agora com mulheres. Na mesma noite, o festival presta homenagem à atriz e cantora Marisa Orth com o Prêmio Ícone Mix. Desde 1999, a atriz conduz o lendário Show do Gongo, um dos momentos mais icônicos do evento. “Marisa é parte indissociável da história do Mix”, ressalta Fischer. A cerimônia de abertura também terá trechos da performance interativa Aqui, Agora, Todo Mundo, de Alexandre Mortágua com Fernando Barros.
Cinema e novas linguagens
A programação de cinema traz longas premiados em grandes festivais internacionais. Entre eles, Twinless – Um Gêmeo a Menos, do americano James Sweeney, vencedor do Prêmio do Público em Sundance; O Olhar Misterioso do Flamingo, do chileno Diego Céspedes, premiado em Cannes; Antes/Depois, do belga Manoël Dupont, vencedor do FIPRESCI em Karlovy Vary; Meu Peito em Chamas, do mexicano Gal S. Castellanos, que recebeu menção especial em Málaga; A Sapatona Galáctica, animação australiana de Leela Varghese e Emma Hough Hobb, premiada no Festival do Rio; e Manok, da coreana Yu-jin Lee, selecionado para o BFI Flare de Londres.
A curadoria de cinema, dirigida por Marcio Miranda Perez, também destaca os longas nacionais, com obras que transitam entre o corpo em transição, identidades em conflito e a busca por liberdade. A Mostra Competitiva Nacional de Longas reúne produções inéditas como Apenas Coisas Boas, de Daniel Nolasco; Apolo, de Tainá Müller e Ísis Broken; Torniquete, de Ana Catarina Lugarini; e Trago Seu Amor, de Cláudia Castro. Também estão na seleção A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo; Ato Noturno, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher; Morte e Vida Madalena, de Guto Parente; e Ruas da Glória, de Felipe Sholl. Arrenego, de Fernando Weller e Alan Oliveira, faz sua estreia mundial dentro da mostra Reframe, que este ano se torna competitiva. O documentário Copacabana, 4 de Maio, de Allan Ribeiro, que conquistou o Félix de melhor documentário no Festival do Rio, também integra a programação e promete emocionar os fãs de Madonna.
Uma das grandes novidades do ano é a Mostra Competitiva de Inteligência Artificial, com 24 filmes produzidos com ferramentas de IA. Desses, 19 competem entre si e cinco compõem uma seleção especial do Festival Internacional de Vídeo e Inteligência Artificial de Marselha (FIVIA). A curadoria propõe um olhar crítico e poético sobre o impacto da tecnologia na criação cinematográfica de temática LGBT+.
Teatro, literatura e artes visuais
No teatro, o Dramatica apresenta oito espetáculos que abordam experiências queer contemporâneas e trajetórias de reinvenção. Entre eles, Bigorna, Irremediáveis e Segredos Privados para uma Vida Sexual Pública, de Walmick de Holanda, Danilo Martim e Luiz Felipe Bianchini; Aqui, Agora, Todo Mundo, de Felipe Barros; Fumaça, de Filipe Augusto; (Des)conhecidos, de Leandro Rebello e Francisco Leal; Hospital de Puppet, uma ópera híbrida de Thomas Brennan, Miguel Noya e Gustavo Sol; e Long Play – Ótima Forma, de Alexandre Roccoli e Marcos Serafim.
O Mix Literário chega à oitava edição com debates e mesas com os jurados dos prêmios Mix Literário e Caio Fernando Abreu, além de encontros de formação com escritoras e escritores. A autora francesa Anne Pauly, uma das vozes mais potentes da literatura lésbica contemporânea, participa da programação e assina a discotecagem da festa de abertura.
As artes visuais também ganham protagonismo, com a exposição Kwir Nou Exist, sobre a comunidade trans reunionense, a mostra conjunta dos coletivos Depois do Fim da Arte e Realidades, na Galeria Vermelho, e uma curadoria da Vórtice Cultural no Museu da Diversidade Sexual. Já o Mix XR, premiado pela WSA Brasil (World Summit Awards), apresenta experiências imersivas em realidade virtual e o projeto Kancícà, um domo 360° que une imagem, som e espiritualidade afro-brasileira.
“O festival é, há mais de três décadas, um lugar de encontro, afeto e reinvenção. Cada edição é um espelho do nosso tempo e um manifesto por um futuro mais plural”, resume André Fischer.
SERVIÇO
33° Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade
12 a 23 de novembro de 2025
Entrada gratuita (Reserva Cultural, Cinemark e Show do Gongo: R$ 20)
mixbrasil.org.br
Programação online: Sesc Digital | Spcine Play | IC Play
Redes sociais: @festivalmixbrasil


