Crítica | Streaming e VoD

O Homem de Toronto

Química que salva

(The Man from Toronto, EUA, 2022)
Nota  
  • Gênero: Ação
  • Direção: Patrick Hughes
  • Roteiro: Chris Bremner, Robbie Fox, Jason Blumenthal
  • Elenco: Kevin Hart, Woody Harrelson, Kaley Cuoco, Pierson Fode, Jencarlos Canela, Alejandro De Hoyos, Lela Loren, Rob Archer, Martin Roach, Patrick Garrow, Jason MacDonald
  • Duração: 110 minutos

Pegue Kevin Hart e Woody Harrelson e coloque os dois lado a lado. É ou não é uma das mais inesperadas e improváveis duplas que você poderia imaginar? Pois são exatamente eles que estão por trás de O Homem de Toronto, estreia de hoje na Netflix, e que busca aquele plot já clássico dos filmes de ação onde duas pessoas completamente diferentes precisam trabalhar juntas por algum motivo e viram parceiros e amigos. 

O longa é assinado por Patrick Hughes, que tem uma certa intimidade em unir personalidades opostas após dirigir Samuel L. Jackson e Ryan Reynolds em Dupla Explosiva e, a bem da verdade, não se incomoda em se repetir um bocado aqui. Porém, ainda que muita coisa seja bastante familiar, várias outras funcionam bem melhor. Teddy e o Homem de Toronto que dá nome ao filme têm especificidades marcantes em suas personalidades e a trama de Robbie Fox, Cris Bremner e Jason Blumenthal tem a sua graça, mesmo que incrementada com detalhes já vistos em outros filmes sobre assassinos de aluguel.

O Homem de Toronto
Sabrina Lantos/Netflix

Tudo começa quando o atrapalhado Teddy, que passa seus dias querendo inventar alguma coisa que o destaque, mas não consegue acertar uma, vai parar no lugar errado e na hora errada e é confundido com o renomado matador cruel. Isto o leva a um acordo com o FBI, a troca de personalidade e a um futuro encontro com um chefe criminoso perigoso. E também, é claro, ao envolvimento com aquele que tem a identidade usurpada e toda a trama mafiosa, de torturas, armas secretas e redes de assassinos profissionais, que está por trás dele. Nada que já não tenhamos visto muitas vezes antes.

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Hughes consegue mesclar bem o humor e a adrenalina, e se dedica realmente às cenas de ação, mas o grande trunfo de O Homem de Toronto é a química de Hart e Harrelson em cena e suas atuações individuais. Já iniciado em buddy movies com títulos como Policiais em Apuros e Um Espião e Meio, o primeiro mostra mais uma vez sua habilidade com a comédia ao fazer rir, seja com seu descontrole verbal ou com sua fisicalidade, principalmente quando seu personagem incorpora outro personagem. O segundo, dono de uma filmografia mais eclética e já três vezes indicado ao Oscar, surpreende ao chegar no mesmo lugar e quase sem abrir a boca ou dar um sorriso. 

O Homem de Toronto
Sabrina Lantos/Netflix

Mas há algo bem mais complicado em O Homem de Toronto, a vontade de alongar o filme mais do que seria necessário, ou a dificuldade em encerrá-lo. Não há carisma e química que resista à quantidade de homens de tantas partes do mundo que vai aparecendo. Ainda assim, não é nada que vá apagar todas as risadas que o longa provocou até ali e, se bobear, ainda pode causar. É supérfluo, sim, de fácil assimilação, e isso não é nem um pouco a mais ou a menos do que tinha a intenção de ser.  Para diversão rápida, é perfeito.

Um grande momento
Cara de mau

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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