- Gênero: Ficção científica
- Direção: Gavin Rothery
- Roteiro: Gavin Rothery
- Elenco: Theo James, Stacy Martin, Rhona Mitra, Peter Ferdinando, Lia Williams, Toby Jones, Richard Glover, Hans Peterson
- Duração: 109 minutos
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Existe — ou existia antigamente — um termo na publicidade que era muito utilizado para definir ideias não-originais, “roubadas” de outras pessoas: “chupada”. É impossível começar a assistir a O Protótipo e não pensarmos que estamos diante de uma enorme chupada. Ambientação, estilo, o que se vê remete ao longa de Alex Garland Ex_Machina. Em um lugar isolado, um cientista faz suas experiências com inteligência artificial. Embora a sensação de local seja a mesma, aos poucos a trama vai criando suas particularidades.
O longa conta a história de George, um cientista consumido pelo luto que vive isolado em uma estação no meio do nada com seus protótipos. Tendo tudo o que precisa e com uma vista deslumbrante, ele já conseguiu um nível requintado de interação com seus experimentos. O contato com o mundo exterior vai se tornando cada vez menos necessário e sua fixação vai tornando-se cada vez maior.
Gavin Rothery, que tem uma carreira como designer de games e fez parte da equipe de arte do longa Lunar, é influenciável, mas não se pode dizer que não tem ideias originais. Em sua estreia como diretor e roteirista, parte do argumento interessante e constrói um universo de máquinas e efeitos onde se sente confortável e pode demonstrar toda a sua habilidade enquanto artista gráfico.
A habilidade com seus robôs e com a estética de sua distopia, porém, não é a mesma que ele tem com a condução do roteiro. Alternando entre o suspense e a melancolia, O Protótipo repete-se em situações e não consegue fugir da previsibilidade. Theo James, o Four da série Divergente, até tem seus momentos, mas não há uma estabilidade na atuação e, em um filme tão calcado nele, isso é um problema. De maneira irônica, é uma das máquinas que surge para transformar a experiência. O longa encontra na dublagem de Stacy Martin enquanto P2 — ela vive mais de uma personagem no filme — a ligação mais sincera.
Em um presente tão marcado pela interação do homem com a máquina, em que a vida se vê preenchida por relações sintéticas com assistentes de voz, e a inteligência artificial se transformou em protagonista, é natural que obras de ficção científica tomem o tema como fundamental. Não à toa vimos o sucesso de produções como o seriado Black Mirror, que várias vezes se dedicou especificamente à recriação humana pela IA. O Protótipo faz o mesmo e, se mantém o rótulo de “chupada” pelo ambiente onde resolve dispor sua história, justiça seja feita, dele se despe, quando vai atrás da justificativa do resgate.
Irmanando-se tematicamente a filmes como Marjorie Prime e A Hard Problem, O Protótipo tem seus pontos positivos, consegue deixar algumas das reflexões que quis suscitar e funciona bem enquanto suspense tecnológico. Vai sentir o peso de, logo nos primeiros momentos, ser comparado a um título que é superior e pode decepcionar àqueles que anteciparem a virada, mas vai entreter.
Um grande momento
Vendo dançar