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O Segredo da Cabana

(The Cabin in the Woods, EUA, 2011)

Terror
Direção: Drew Goddard
Elenco: Kristen Connolly, Chris Hemsworth, Anna Hutchison, Fran Kranz, Jesse Williams, Richard Jenkins, Bradley Whitford, Brian White, Amy Acker
Roteiro: Joss Whedon, Drew Goddard
Duração: 95 min.
Nota: 5 ★★★★★☆☆☆☆☆

O que é ter passado pelos anos 80 e 90 e ainda assistir a filmes de terror? É entregar quase duas horas de seu tempo a centenas de variações sobre a mesma história, com um mesmo grupo de personagens, fugas para locais ermos e potencialmente perigosos, assassinos seriais imortais ou animais gigantes modificados geneticamente e, depois do boom do horror oriental, crianças que usam a tecnologia lá do além para resgatar as suas vítimas.

Na maioria absoluta dos casos o que se vê são algumas mudanças pontuais, como o número de virgens envolvidas no massacre: uma, nenhuma, várias; o local onde o ser malévolo encontra suas vítimas: cabana no lago, museu de cera, castelo mal-assombrado; a invocação do mal: oui-ja, leitura de maldição, fita de videocassete, e a espécie do ser “matante”, mais variada do que qualquer outra: órfão deformado imortal, mostro dos sonhos, ente ectoplasmático, menina trancada no poço, família maluca, zumbis, namorado maluco e por aí vai. Raramente há algo novo e é difícil não ficar frustrado, mas fãs do gênero são dedicados e continuam lá consumindo o que vier pela frente.

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O Segredo da Cabana vai pelo mesmo caminho que já acompanhamos várias vezes antes. Cenas iniciais com diálogos rasos e insignificantes e uma apresentação exagerada e didática de cada um dos personagens: a periguete loira, o fortão cabeça de vento, o estudioso boa gente, a menina ingênua e o doidão. Eles estão prestes a passar um fim de semana na cabana do lago e, para confirmar a familiaridade com outros filmes irmãos, têm direito até a uma daquelas figuras no meio do caminho que os alerta do perigo e aconselha que voltem.

Tudo seria exatamente o que estávamos esperando se, paralelo a tudo isso, não acompanhássemos também uma movimentação em algum lugar que mais se parece com uma central de controle, com figuras de roupas sociais e jalecos e cercadas de telas, botões, microfones e conversas enigmáticas.

Apoiando-se nessa intriga inicial, o filme vai se mostrando uma coisa bem diferente do que parecia ser e ganha o público justamente ao se utilizar desse cansaço do espectador habitué de filmes de terror. Com referências interessantes e mantendo algum suspense, funciona além do esperado e conduz bem o público até o final da projeção.

O filme é a estreia na direção de Drew Goddard, roteirista de episódios para as séries televisivas Buffy – A Caça Vampiros, Alias: Codinome Perigo e Lost e do bem-sucedido longa Cloverfield – Mostro, que aqui também assina o roteiro junto com Joss Whedon.

As atuações não são surpreendentes e há claramente uma desigualdade entre o grupo que está na cabana, mais bonito do que eficiente ainda que conte com um divertido Fran Kranz, e o do centro de controle, encabeçado por Richard Jenkins, soltinho, soltinho no papel, e que guarda uma surpresinha para o final.

Eficiente nos sustos que decide pregar e estranho e divertido na mesma medida, O Segredo da Cabana cumpre tudo o que promete. Claro que não é nada a ser levado totalmente a sério, mas, só pela proposta maluca e por citar títulos como It, O Iluminado, Hellraiser, O Chamado, Evil Dead, Cubo e muitos outros, já vale a pena.

O filme integra a mostra Midnight Terror no Festival do Rio 2012.
Próximas sessões:
Dia 28/09, às 21:30, no Kinoplex Leblon 4
Dia 2/10, às 16:30 e 21:30, no Kinoplex Tijuca 4
Dia 5/10, às 16:30 e 21:30, no São Luiz 3

Um Grande Momento

Trabalhando com o que tem.

 

Links

IMDb Site Oficial [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=I1yBLBOthlU[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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