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Os Caras Malvados

De abanar o rabo

(The Bad Guys, EUA, 2022)
Nota  
  • Gênero: Animação
  • Direção: Pierre Perifel
  • Roteiro: Etan Cohen, Yoni Brenner, Hilary Winston
  • Duração: 100 minutos

Comer vovozinhas, derrubar a casa de porquinhos, pegar criancinhas pra fazer mingau… taí uma fama difícil de mudar. O Lobo Mau lá de “Os Caras Malvados”, a série de livros de Aaron Blabey, juntou uma galera com a mesma fama, tubarão, cobra, piranha e tarântula, e tentou inverter essa imagem. Sucesso de vendas entre a criançada, a turma chega agora aos cinemas numa divertida animação das Dreamworks, que capta a energia das páginas e, com alterações importantes para criar uma narrativa própria, consegue envolver o público da mesma maneira.

Adaptado por Etan Cohen, Yoni Brenner e Hilary Winston, o filme parte de um lugar mais orgulhoso da maldade e vai buscar, numa nova configuração, o arrepio da bondade que chega para mudar o caminho. Assim como muita coisa ganha ares especiais para a telona, o diretor Pierre Perifel não se afasta muito dos quadrinhos que dão o tom às páginas, mas assume uma estética diferente. Há uma mescla interessante de estilos, que vai do anime ao 3D, e transições que enchem os olhos e valorizam os personagens, o batedor de carteira Sr. Wolf, o arrombador de cofres Sr. Cobra, o mestre dos disfarces Sr. Tubarão, o bom de briga Sr. Piranha e a hacker Srta. Tarântula, aqui transformada em uma fêmea.

Os Caras Malvados
DreamWorks Animation

Os Caras Malvados já começa apresentando o quinteto que há anos aterroriza a cidade governada por Diane Raposinha e tira o sono da chefe de polícia Misty Luggins. No filme, eles acabam sendo pegos e agora querem uma chance para provar que, com a ajuda do popular Professor Marmelada, podem ser criaturas melhores.

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Em um mundo onde humanos e animais antropomórficos dividem espaço, os estereótipos e questões pertinentes ao tema — classe, preconceito, oportunidade e até mesmo o falso altruísmo — são abordadas, mas a grande atenção do longa é voltada à amizade. A trama em momento algum subestima a capacidade de seu público-alvo, mas é simples, embora os golpes sejam elaborados e cheios de reviravoltas, e bem clara na mensagem que quer passar, fazendo valer a máxima de que não é preciso nada mirabolante para levar conteúdo para os pequenos. Personagens carismáticos, habilidade na hora de manipular a ação e uma boa dose de identificação fazem com que mensagens cheguem sempre longe demais.

Os Caras Malvados
DreamWorks Animation

Tudo é muito bonito e magnético em Os Caras Malvados. A animação cuidadosa pensa em toda a família, faz referências ao cinema de ação clássico, com muitas perseguições e cenas de fuga, chama os otakus para perto de si com as sempre divertidas e exageradas reações da chefe de polícia e capricha no toque classudo e nos detalhes, sem deixar de usar bem as cores vibrantes. O roteiro recebe a mesma atenção e agrada aos dois públicos, com diálogos divertidos e rápidos. Aliás, o filme como um todo tem na velocidade uma de suas marcas. Há nele, como não poderia deixar de ser, o tom frenético dos filmes de assalto da atualidade é tão caro à nova geração.

Boa parte dessa facilidade e conexão com o público se devem também à dublagem que, na versão brasileira, conta com nomes como Rômulo Estrela, Nyvi Estephan, Luis Lobianco, Babu Santana, Sergio Guizé, Sergio Stern e Agatha Moreira. Além do bom trabalho de regionalização e contextualização, os atores funcionam juntos e sabem como incorporar as particularidades de cada um dos personagens. 

Um grande momento
A primeira abanada

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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