(Dystopian Patterns, BEL, LEB, 2019)
Natureza é uma força que inunda como os desertos
Manoel de Barros
O tempo passa. Uma cidade se constrói e se deteriora. Nas ruínas, a verticalização dá espaço a uma natureza que deixara de existir. Em seus padrões distópicos, que já vêm gravados no título do filme, Isabelle Nouzha – que produz, fotografa, edita e dirige – procura e encontra o fim da humanidade. O local de partida é conhecido, pelo menos em todas as grandes cidades do mundo, mas em seu time-lapse ela o vai despovoando, transformando.
São caminhos bem escolhidos que se destacam no preto-e-branco silencioso. Cada quadro funciona como uma pausa para ver o tempo passar freneticamente, nas mudanças do céu, nas sombras que se formam. É nesse tempo que a vida se acaba, que os prédios e casas se tornam ruínas e onde uma outra forma de vida encontra espaço para florescer.
O deixar envolver-se pelo ambiente que filma não segue um padrão, a montagem determina impositivamente o quanto cada um dos quadros permanece. Demora-se na raiz de uma árvore, espia madeiras encobrindo uma janela; passa rapidamente pelas casas de diferentes formas e presta muita atenção a uma planta que brota na parede. Seguindo essa gramática visual, alcança o ponto principal de seu curta.
Se o contexto não é dos mais otimistas, não há muito como pensar em um outro caminho que não a extinção. Temporária, porém extinção. De uma vida nasce a outra e Padrões Distópicos sabe disso, mas não chega tão longe naquilo que mostra, deixa para cada um a construção ou não de um novo ciclo após aquele exposto.
Um grande momento
A primeira ruína