Crítica | FestivalMostra SP

Pardais

(Sparrows, ISL/DNK/HRV, 2015)

Drama
Direção: Rúnar Rúnarsson
Elenco: Rade Serbedzija, Ingvar Eggert Sigurðsson, Atli Oskar Fjalarsson, Rakel Björk Björnsdóttir, Kristbjörg Kjeld, Nanna Kristín Magnúsdóttir
Roteiro: Rúnar Rúnarsson
Duração: 99 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

Depois que sua mãe resolve partir com o novo marido para a África, o jovem Ari precisa deixar a capital da Islândia e voltar à cidade onde passou seus primeiros anos e à casa de seu pai, com quem não tem qualquer tipo de relacionamento há alguns anos.

Em tom melancólico, Pardais é um filme que toca quem o assiste e que consegue transmitir toda a solidão de Ari e sua inadequação a situações e locais onde ele não escolheu estar.

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Usando as belas paisagens islandesas, fotografadas por Sophia Olsson (Beast), o diretor Rúnar Rúnarsson (Vulcão) consegue usar a beleza como uma espécie de contraposição à tristeza imperante no longa-metragem. As diferenças também estão presentes no roteiro, quando situações comuns da adolescência, mais leves e divertidas, encontram brechas para aparecerem.

Mas é a tristeza que domina o filme e que faz com que se tenha vontade de abraçar Ari em sua sucessão de decepções, perdas e insucessos. O adolescente é vivido por Atli Oskar Fjalarsson (Nervos à Flor da Pele), que consegue fazer um trabalho interessante, com um personagem de poucas palavras e muitos sentimentos.

Entre outras atuações que se destacam, estão as de Ingvar Eggert Sigurðsson (Evereste), como o pai que se abandonou anos antes e não sabe como lidar com o afeto, e a de Kristbjörg Kjeld (O Riso da Gaivota), como a avó cheia de saudade, amor e carinho, que faz um dos contrapontos importantes do filme.

Apesar de toda qualidade do filme, há uma certa previsibilidade do último ato, mas o surpreendente é que, mesmo antecipada, ela causa o mesmo desconforto que causaria caso chegasse de surpresa. Mas com uma levada muito diferente do resto filme, pode causar algum estranhamento.

Pardais é um filme cheio de reflexões sobre a adolescência, a vida e a falta de controle que às vezes temos sobre o destino. Onde decepções e frustrações são tidas como determinantes e onde tentativas, mesmo que bem intencionadas, não conseguem surtir o efeito esperado. Triste, mas muito bonito.

Um Grande Momento:
A notícia da avó.

Pardais_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=bvNw3WqecEo[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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