(Persepolis, FRA/EUA, 2007)
Drama
Direção: Vincent Paronnaud, Marjane Satrapi
Elenco: Chiara Mastroianni, Catherine Deneuve, Danielle Darrieux, Simon Abkarian
Roteiro: Marjane Satrapi, Vicent Paronnaud
Duração: 95 min.
Nota: 8/10
No Irã explode a revolução, com o retorno ao país de um exilado de mais 14 anos, o Aiatolá Komeine. O principal objetivo dos manifestantes é a destituição do ditador Reza Pahlavi, que acaba fugindo do país. Esse é o cenário que nos introduz no mundo de Marjane Satrapi, criança sonhadora e politizada que sonha em mudar o mundo.
O que vemos não é uma história contada para alguém e sim uma sucessão de lembranças de momentos marcantes na vida de uma jovem que conheceu um mundo ditatorial, excludente, discriminante e que, mesmo fora dele, não conseguiu encontrar a felicidade. Ela se lembra de tudo sentada no aeroporto de Paris, de onde acabara de tentar voltar para a sua terra natal.
O filme é bem triste e traz para todos a dolorosa história do Irã. Depois da derrubada do xá ditador, o que parecia ser uma melhora era, na verdade, uma nova dominação e esta, agora, baseada em regras religiosas extremas e excludentes. Isso sem falar na guerra de sete anos entre o país e o vizinho Iraque, que causou milhões de mortes.
A história acaba influenciando na vida de Marjane, mesmo depois que ela muda do Irã. É longe dos pais que ela passa da infância à fase adulta e conhece a liberdade, o amor e as suas conseqüências.
A animação simples é surpreendentemente envolvente e linda. O jogo de cores e algumas cenas, como as da revuloção, são tão marcantes que não tem como não gostar do filme e não se emocionar com a história da menina. Isso sem falar na trilha sonora, que ajuda a contruir o clima do filme.
Vale destacar que a diretora Satrapi é ilustradora, romancista e escritora infantil. O filme é baseado em sua autobiografia, publicada em 2000. O nome Persépolis é um sítio arqueológico famoso da antiga Persia, localizado ao sul do Irã.
Em uma época dominada por animações gráficas impressionantes, é bom saber que ainda existem desenhos assim, sem grandes efeitos mas capazes de surpreender e conquistar. Lindo e singelo, é um filme indispensável.
Um Grande Momento
A visão do amado depois da paixão.
Prêmios e indicações (as categorias premiadas estão em negrito)
Oscar: Animação
Cannes: Palma de Ouro, Prêmio do Júri
César: Filme, Primeiro Trabalho (Vincent Paronnaud, Marjane Satrapi), Roteiro Adaptado, Edição (Stéphane Roche), Música (Olivier Bernet), Som (Thierry Lebon, Eric Chevallier, Samy Bardet)
Globo de Ouro: Filme Estrangeiro
Festival Internacional de São Paulo: Filme Estrangeiro
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Olá meninos!
Jacques, para mim, os dois filmes são muito bons, mas não tem nem como comparar. Assuntos diferentes, públicos diferentes, técnicas diferentes e profundidade diferente. Acho que você vai gostar muito, até porque a gente acaba ficando com saudade de desenhos simples nessa era tão computadorizada…
Johnny, concordo com você. Não tem como não ganhar, a menos que as técnicas levadas em consideração tenham sido as da qualidade de animação e não a história. Ou talvez eles simplesmente não entenderam o filme (isso acontece muito por lá). Acho que o filme tinha que estar concorrendo a melhor roteiro também.
Apesar de qualquer desculpa, eu acho o Oscar a maior furada mesmo. Imagina a Reese Witherspoon (que nem era principal) ganhar de Felicity Huffman em Transamérica? E a Gwyneth Paltrow de qualquer outra concorrente no ano de Shakespeare Apaixonado?
Ridículo!
Só lhe digo uma certeza … O OSCAR DE PERSEPOLIS FOI ROUBADO!
Até hoje fico me perguntando por que essa maravilha teve o seu verdadeiro reconhecimento roubado …
foi para mim a gota d’agua de tantos erros sucessivos que a academia fez nos ultimos anos …
pelo menos No Country ganhou o Oscar por que se não … mandava o careca pastar … procure a minha resenha do filme no meu blog e me diz do que achou …
abraços
Cecília,
Acho que a maior competição do ano foi Ratatouille x Persépolis. O primeiro é fabuloso e tecnicamente perfeito. O segundo , não tive ainda a oportunidade de assistir. Para os puristas, o segundo é superior, por tratar de um tema adulto, numa região tão nervosa do nosso globo, de forma simples e com técnica artesanal. Acho que, na verdade, quem ganha é o público. Vou assistir para comprovar. Abcs