(Dawn of the Planet of the Apes, EUA, GBR, CAN, 2014)
É curioso assistir novamente a Planeta dos Macacos: O Confronto pela identificação com o seu início: “se você tiver febre, tosse ou dor de garganta, fique em casa’. Enquanto passeia pelo globo, imagens aleatórias são expostas, pessoas com máscaras, a descoberta da origem do vírus em São Francisco. Os prontos-socorros encheram-se de pacientes com sintomas, a estimativa era de 5 a 150 milhões de mortes, centros de tratamento e quarentena improvisados, os civis que não aguentavam ficar em casa e desistiram da quarentena. Podia ser a Covid-19 e tudo o que estamos passando agora, mas é a ficcional gripe símia.
Desde que Caesar começou a falar em A Origem e houve o vazamento do vírus, muita coisa mudou no mundo. Os macacos voltaram a seu habitat natural e os humanos sobreviventes tentam se manter como podem na cidade. Uma expedição para restaurar a energia na cidade traz o encontro inesperado. O roteiro, óbvio, coloca o rancor em primeiro plano. De um lado, Koba não se conforma com a chegada dos humanos na floresta, de outro, Carver culpa os símios pela morte da família e quer se vingar.
A bondade de Caesar e as boas intenções de Malcolm levam o filme até sua metade com uma instável sensação de segurança, sempre ameaçada pelos dois vilões do filme. Mais uma vez, o que se vê é a metáfora do preconceito e da intolerância. Se em A Origem havia mais camadas, com a condição do macaco alfa que conseguia falar e a associação da nova capacidade com os atos seguintes, em O Confronto o que fala mais alto é a ação.
A recriação dos animais em CGI, com o especialista em captura de movimentos Andy Serkis como Caesar, é explorada por Matt Reeves assim como houvera sido por Rupert Wyatt, porém falta o carisma do filme anterior, encontrado principalmente na relação entre Will Rodman, personagem de James Franco, e seu experimento. Jason Clarke, que está se especializando em substituições em sequências, e Keri Russell até tentam dar alguma profundidade a seus personagens e estabelecer essa conexão, mas sem tanto sucesso.
Planeta dos Macacos: O Confronto, portanto, resume-se ao embate que o intitula e até faz um vínculo eficiente com o filme posterior A Guerra. O longa não faz feio na criação daquele universo e nem nas sequências com muitos tiros e explosões. Tem uma certa pressa na execução do plano de Koba e uma falta de interesse nos movimentos humanos capitaneados por Dreyfuss, vivido por Gary Oldman. Além disso, a intenção de criar backgrounds que expliquem a fúria de ambos é pouco convincente.
Mas não é um filme de ação ruim e continua satisfatoriamente o caminho rumo ao futuro que foi visto pela primeira vez em O Planeta dos Macacos de 1968. São muitos destaques técnicos que não podem ser ignorados, como a capacidade de demonstrar as emoções dos macacos pelo olhar. E, em tempos de pandemia, com o afastamento social imperando, ganha alguns pontos. Um bom programa para quem quer se divertir sem ter que pensar demais.
Um Grande Momento
Caesar x Koba.