Crítica | Outras metragens

Pragas

A praga somos nós

(Nuisibles, FRA, 2022)
Nota  
  • Gênero: Animação
  • Direção: Juliette Laboria
  • Roteiro: Juliette Laboria
  • Duração: 7 minutos

A natureza em seu equilíbrio. As abelhas são parte importante desse processo. Elas buscam o pólen nas flores, que quase invisível vai pelo vento e poliniza aquela planta e outras plantas, isso gera novas plantas, novas flores, novas frutas. Isso se multiplica, tudo fica colorido e lindo. Como na animação em monotipia Pragas, de Juliette Laboria, onde o alimento produzido por esses barulhentos e agitados insetos serve para o piquenique de alguns adolescentes tão inquetos quanto elas.

O nome do curta poderia se referir aos minúsculos seres amarelos e pretos, mas na verdade está falando daqueles humanos que, como todos os outros, não sabem como se relacionar com a natureza. Em apenas 7 minutos, a diretora mostra como se estabelece a interação entre essas duas espécies. Primeiro com a apropriação, depois com a tentativa de coexistência. Não demora para que a tensão se estabeleça e a maldade do ser humano seja mostrada de forma literal, assim como o retorno das ações.

Pragas é marcado pelo jogo de cores e sons. Zumbido, gritos, outros ruídos e a trilha de Jérémy Ben Ammar deixam tudo mais angustiante e amplificam os sentimentos dos espectadores que, nesse momento, já sabem onde aquilo pode chegar, em especial porque aquilo que está em tela é uma representação metafórica da questão ambiental, onde não existe qualquer respeito pela natureza e as ações, além de cruéis e desmedidas, levam, fatalmente, ao mesmo resultado.

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Curto e direto, Pragas num primeiro momento confunde e brinca com o espectador, mas é incisivo em sua mensagem, além de impressionar com sua técnica e qualidade artística. O que fica dele é a raiva e a indignação com aquilo que se vê por sua conexão com a atualidade, tanto pela terrível realidade das abelhas em risco real como pela situal global do meio ambiente.

Um grande momento
Quem queima no final

[13º MyFrenchFilmFestival]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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