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Pieta

(Pieta, KOR, 2012)

Drama
Direção: Kim Ki-duk
Elenco: Jo Min-soo, Eunjin Kang, Kim Jae-rok, Lee Jeong-jin
Roteiro: Kim Ki-duk
Duração: 104 min.
Nota: 3 ★★★☆☆☆☆☆☆☆

Pieta é um equívoco. Não por sua história ou o retrato que tenta fazer do capitalismo selvagem e do ilimitado amor materno, mas pela maneira perdida e desconjuntada com que seu diretor resolve levar isso às telas.

Se para uns Kim Ki-duk é prolixo e exagerado, para outros ele é perfeito na ilustração da vida. Apegado à religiosidade, em suas transfigurações aborda o sagrado e o humano, aquilo que não se pode compreender e o que está em qualquer lugar. Algumas vezes funciona, como em Primavera, Verão, Outono, Inverno… Primavera, outras não chega nem perto disso.

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Em Pieta vemos a história do cobrador Gang-do. Desprovido de qualquer amor ou humanidade, ele descobriu no seguro por invalidez um meio de sempre receber o dinheiro devido por trabalhadores individuais. Com requintes de crueldade, ele sai pela cidade aleijando pessoas e recolhendo apólices. A vida do homem muda quando surge uma mulher que começa a persegui-lo e se revela sua mãe. Arrependida com os anos de abandono, ela tenta a reaproximação a qualquer custo.

Inverossímil pelo maniqueísmo exacerbado e pela constante tentativa de chocar quem o assiste, Pieta pode até causar o desconforto que Ki-duk ansiava, mas por motivos completamente diferentes. Ainda que tente encontrar motivos e motivações para a mudança radical de comportamento do seu protagonista, ou para as reações dúbias da personagem feminina, tudo é artificial e sintético.

Mas o roteiro problemático não é o único problema do longa-metragem. Ele ainda sofre com uma fotografia inconsistente que, mal elaborada e pessimamente executada, chega a chocar o espectador com o resultado final. Com cara de filme de fim de curso, sobram opções óbvias de movimentos de câmeras, enquadramentos equivocados e uma falta de habilidade primária com o zoom.

Em meio ao caos, a única coisa que se salva é a atuação de Jo Min-soo como a mãe que alterna momentos contidos com arroubos de violência e alguma doçura. No mais, Pieta é só exagero, ego e um bom exemplo de como fazer um mau cinema.

Um Grande Momento:
Não há.

pieta

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=_-eAqO_t-Rs[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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