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Shazam!

(Shazam!, EUA, 2019)
Ação
Direção: David F. Sandberg
Elenco: Zachary Levi, Michelle Borth, Djimon Hounsou, Mark Strong, Jack Dylan Grazer, Asher Angel, Marta Milans, Meagan Good, Grace Fulton, Adam Brody, Ross Butler, Cooper Andrews, D.J. Cotrona, John Glover, Caroline Palmer, Faithe Herman, Ian Chen, Ava Preston, Jovan Armand, Evan Marsh
Roteiro: Bill Parker, C.C. Beck (HQs), Henry Gayden, Darren Lemke
Duração: 132 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Seguindo a disputa entre as duas maiores editoras de quadrinhos dos Estados Unidos, a DC Comics continua com suas tentativas de deixar sua marca nas telonas. Dessa vez vai atrás de uma de suas histórias mais curiosas, Shazam!, tentando quebrar a seriedade e o tom pesado de suas primeiras adaptações. O filme chega, portanto, como uma continuidade natural após o mais leve Aquaman.

Porém, se os exageros e a breguice no filme do rei de Atlântida conseguiram disfarçar o apego excessivo aos dramas humanos da DC, isso não funciona tão bem com Shazam!. Porém, sem dúvida, ele ainda está entre os filmes mais divertidos da editora e encontra na comédia o ambiente para compor sua história.

Billy Batson aqui é um órfão que se perdeu da mãe ainda muito novinho e passou a vida fugindo de orfanatos e lares na esperança de encontrá-la novamente. É em uma dessas buscas que somos apresentados ao personagem e acompanhamos sua chegada a um abrigo comunitário, onde um casal de órfãos cria várias crianças, cada uma com suas características.

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O vilão do filme é Thaddeus Silvana, conhecido nos quadrinhos como Dr. Silvana. Ele é rejeitado pelo Mago por não ser puro de coração e, anos depois, é o responsável pela libertação dos sete inimigos mortais da humanidade: orgulho, inveja, cobiça, ódio, egoísmo, preguiça e injustiça. O fortalecimento de Silvana faz com que Billy assuma o seu posto após repetir o nome do Mago, Shazam, um acrônimo com nomes de deuses e suas virtudes: Salomão (sabedoria), Hércules (força), Atlas (resistência), Zeus (poder), Aquiles (coragem) e Mercúrio (velocidade).

O filme encontra-se em referências ao clássico Quero Ser Grande (1988) e diverte com um adolescente que vira adulto inesperadamente. Ele brinca com coisas que crianças desejam, mas só maiores de idade podem fazer, e encontra no ambiente escolar ou até mesmo na família multigênero da casa-abrigo o espaço para trazer questões que estão muito associadas à adolescência, com suas inseguranças, ousadias e hormônios.

Shazam! é um filme colorido, recheado de piadas e notoriamente voltado à família, sem muita violência explícita ou complicações narrativas. Tem um elenco muito bem selecionado, com destaque para as crianças e um Zachary Levi que não só convence como o de repente adulto herói como parece se divertir com tudo aquilo que está fazendo. Mark Strong também consegue levar o vilão, mas não resiste a algumas canastrices.

O roteiro, de Henry Gayden e Darren Lemke, tem duas direções evidenciadas: dedica-se à descoberta dos poderes e a batalha do bem contra o mal, mas, ao mesmo tempo, está preocupado em trazer o drama do jovem órfão desambientado que precisa encontrar a mãe. É nesta parte que encontra suas fraquezas, chegando a uma cena deslocada e pouco eficiente.

Ainda assim, tem diálogos inspirados, com boas referências a outros filmes do universo cinemático DC e piadas. Por exemplo, consegue se virar muito bem com a história do nome do personagem. Isso porque, quando surgiu, ainda na Fawcett Comics, o herói era conhecido como Capitão Marvel, nome de seu principal estúdio concorrente. Só depois de uma longa batalha judicial, a DC conseguiu retomar os direitos sobre o personagem.

A montagem de Michel Aller é coerente e sabe dar o tom ágil e juvenil que o filme demanda, com direito a um clipe bem interessante embalado pela ótima “Don’t Stop Me Now”, do Queen, mas parece sempre se exceder um pouco, mesmo que tenha a velocidade que precisa, especialmente nas cenas de ação.

No final das contas, Shazam! é um filme correto, arrumadinho demais talvez, mas que entrega aquilo que promete. Mesmo que não tome completamente o caminho mais leve que anseia, começou um desvio rumo a ele que pode beneficiar as próximas produções.

Tendência já conhecida de filmes de heróis, não deixe de ver todos os créditos.

Um Grande Momento:
– Billy!

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
1 Comentário
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bruno knott
bruno knott
29/04/2019 16:59

Zachary Levi foi uma ótima escolha. Considero Shazam um dos melhores da DC!

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