- Gênero: Drama
- Direção: Tiller Russell
- Roteiro: Tiller Russell
- Elenco: Nick Robinson, Jason Clarke, Darrell Britt-Gibson, Alexandra Shipp, Paul Walter Hauser, Jimmi Simpson
- Duração: 112 minutos
-
Veja online:
Policial veterano sai do rehab, é transferido para uma divisão onde não tem utilidade, pega um caso e decide que vai resolvê-lo a qualquer custo. Difícil dizer quantos filmes e seriados têm essa premissa. Esse é um dos lados da trama de Silk Road: Mercado Clandestino, filme baseado na história real da rede homônima de comércio de drogas na darknet criada por Ross William Ulbricht. O outro, como se pode imaginar e o do próprio criador do site, suas ideias libertárias e como tudo saiu do controle.
Investigações policiais, tráfico de drogas e operações elaboradas sempre atraíram a atenção do diretor Tiller Russell. Ele é o nome por trás das séries Night Stalker: Toutura e Terror, da Netflix, e O Último Narc, da Prime Video, além de assinar a direção de documentários como The Seven Five e Operação Odessa. Nesta ficção, o realizador, que assina também o roteiro, se inspira em um artigo de 2014 do jornalista David Kushner para a revista Rolling Stone: “Dead End on Silk Road: Internet Crime Kingpin Ross Ulbricht’s Big Fall”. Aproveita os fatos e preenche as lacunas para criar a sua trama cibernética de embate/identificação tradicional com doses de combate ao sistema e redenção pessoal.
Com Nick Robinson e Jason Clarke nos papéis de Ulbricht e o investigador Rick Bowden, respectivamente, Silk Road não consegue ir além daquilo que se espera de outros filmes do gênero. É como se tivessem colocado computadores com acesso à internet — mais precisamente o submundo da internet — em qualquer trama padrão dos anos 1990 e colocassem para gravar. São as duas atuações que trazem algum brilho e novidade àquilo que se vê, aumentando o interesse.
O roteiro é cheio de falhas e desatenções com os personagens satélites, e olha que havia material humano a ser aproveitado, como Darrell Britt-Gibson (de Judas e o Messias Negro), Alexandra Shipp (da nova saga X-Men) e Paul Walter Hauser (O Caso Richard Jewell). Junto com a superficialidade que circunda a trama principal, entre suas idas e vindas, sempre preocupado com a exatidão factual, se esquece de trazer emoção aos protagonistas. Muitas das ações contrastam com a intenção de aprofundamento nos conflitos éticos dos dois personagens. É algo que se percebe mesmo com todo o esforço de Robinson e Clarke.
A montagem do filme, de Greg O’Bryant (O Relatório), embora tradicional, talvez seja uma das melhores coisas de Silk Road, por estabelecer essa conversa entre os quatro universos, que se confundem e decompõem: o mundo de Ulbricht, a intenção de Ulbricht, o mundo Bowden e a intenção de Bowden. A agilidade na costura, porém, poderia estar destacando elaborações de arte e fotografia, mas estas são mais triviais, com momentos específicos, como o encontro com os pais, a primeira decisão extremada ou o desprezo no chefe.
Olhando para Silk Road não se vê mais do que um filme que tenta muito chegar a um lugar que não consegue por não superar a impressão de “fora do tempo”. A história que conta é atual, de pleno século 21, da década que acabou de acabar, mas a impressão é de que está falando de transações em porões empoeirados, com senhas na porta e mensagens por código morse, entre pessoas que, por acaso, têm celulares. No descompasso, as falhas se destacam e o roteiro não consegue manter o interesse. Assim o longa segue até o desfecho. Ainda bem que Robinson e Clarke estavam ali.
Um grande momento
Na festa