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Sonhos S.A.

(Drømmebyggerne, DEN, 2020)
Nota  
  • Gênero: Animação
  • Direção: Kim Hagen Jensen, Tonni Zinck
  • Roteiro: Søren Grinderslev Hansen, Kim Hagen Jensen
  • Duração: 81 minutos

É muito árduo constituir uma narrativa animada num universo tão bem explorado, na forma e no conteúdo, por estúdios gigantescos como a Pixar ou a Dreamworks. A animação dinamarquesa Sonhos S.A. poderia, sim, ter obtido um resultado bem mais satisfatório como produto final se o esforço visível (e risível) não fosse o de emular a fórmula já tão testada e até maceteada pelos citados estúdios estadunidenses.

Querem comprovar? Já começa pela sinopse: Minna é uma jovem que descobre ser capaz de alterar seus sonhos e o de outras pessoas. Ela vai usar essa vantagem para controlar os sonhos da meia-irmã patricinha Jenny, filha da nova companheira de seu pai.

Claro que entre interferir nos sonhos para se beneficiar, manipular Jenny e até conseguir, quem sabe, fazer o pai se separar da mãe da rival, Minna vai ter lições e descobrir o valor da amizade e da família.

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Sonhos S.A.
Foto: Divulgação

Se soa (e é) mais do mesmo, Sonhos S.A. ao menos poderia tentar incluir algumas notas diferentes nessa sinfonia já tão tocada, especialmente pela Pixar em Divertida Mente e pela dupla Phill Lord e Chris Miller em Tá Chovendo Hambúrguer, parte 1 e 2.

E é tudo tao previsível e acabrunhado que chega a irritar a maneira com que paulatinamente Minna vai entrando nos sonhos do pai e da realmente insuportável Jenny para que as coisas corram como ela quer, para que “tudo volte ao normal”. Os seres que trabalham na fábrica de sonhos são dóceis e submissos, o que torna toda a trama plana e pouco afeita aos picos emocionais presentes no storytelling das produções de uma Pixar, por exemplo, que, mesmo quando apresenta a formula já gasta em uma nova embalagem com algum kinder ovo guardado (um aceno à diversidade) ainda fascina, vide Luca.

Sonhos S.A.
Foto: Divulgação

Sendo esteticamente algo entre Divertida Mente, Boxtrolls (Estúdio Laika) e Robôs (de Chris Wedge, também criador da franquia A Era do Gelo), mas resultando em algo mais para um rascunho do que propriamente uma animação bem feita e bem acabada — e tendo visto esse filme na sequência de Trolls 2 e a sua excelência técnica, a comparação seria para lá de injusta. E é triste pensar que não faltaram para os animadores dinamarqueses excelentes exemplos dentro da animação europeia — em especial a francesa e inglesa –, onde buscar inspiração para fazer algo bom, ainda que simples, mas autêntico. Sonhos S.A. é limitado em imaginação, algo que certamente os sonhos não são.

Um grande momento
Primeira entrada desastrada na fábrica de sonhos

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Lorenna Montenegro

Lorenna Montenegro é crítica de cinema, roteirista, jornalista cultural e produtora de conteúdo. É uma Elvira, o Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema e membro da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA). Cursou Produção Audiovisual e ministra oficinas e cursos sobre crítica, história e estética do cinema.
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