- Gênero: Ficção científica
- Direção: Joseph Kosinski
- Roteiro: Rhett Reese, Paul Wernick
- Elenco: Chris Hemsworth, Miles Teller, Jurnee Smollett, Mark Paguio, Tess Haubrich, Ben Knight, Daniel Reader, Sam Delich, Ron Smyck, BeBe Bettencourt
- Duração: 106 minutos
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Ainda fazendo barulho nos cinemas com Top Gun: Maverick, a continuação do clássico adolescente dos anos 1990 com Tom Cruise pilotando caças hipersônicos, o diretor Joseph Kosinski chega hoje à Netflix com Spiderhead, promissora ficção científica estrelada por Miles Teller, que também está no filme dos aviões, e Chris Hemsworth, o Thor, sobre uma nova forma de penitenciária, reintegração de criminosos, drogas anticrimes e questões éticas e humanas por trás de tudo isso. Bom, até há algum interesse no argumento, alguma tensão aqui e ali, mas ficamos só na promessa mesmo.
O diretor, vale lembrar, para além de suas manobras nos ares, é um homem que gosta de coisas superlativas, sempre visualmente impressionantes, e já esteve assinou títulos como Oblivion e Tron: O Legado. Aqui, é bem mais comedido e assume um desenho de produção bem característico de filmes que trabalham o tipo de distopia abordado. Uma arquitura moderna, cheia de concreto, muitas linhas e ângulos, com espaços vazios e decoração minimalista que vão determinando os ambientes da prisão, evidenciando a frieza do projeto e destoando dos únicos elementos que estão distantes daquela realidade, nos flashbacks do protagonista.
Porém, se há esse cuidado com o espaço, ele não é tão perceptível no trato dos personagens. Fora Jeff (Teller), que tem lá alguns momentos de dedicação, alguma complexidade e as tais visitas facilitadoras ao passado, não sobra muita personalidade aos seres que desfilam na tela. Nem mesmo Steve (Hemsworth), alguém fundametal à trama, tem a profundidade que deveria ter (a tentativa de mostrar a degeneração com uso indiscriminado de doses é muito ruim, por exemplo). Assim, tudo que se fala sobre o background de cada um ou de si próprio é dito de forma muito artificial ou gratuita.
Pensando na trama, Spiderhead tenta criar algum suspense, mas não sabe muito bem onde se empenhar mais e, com muita coisa contecendo, desperdiça a força de certos momentos. É uma irregularidade que faz o filme ter o interesse interrompido a todo instante, como se sempre algo acontecesse para abrir uma nova frente para outra situação futura que nem pode ser tão interessante assim.
A sorte é que por trás de tudo em Spiderhead há a história do presídio, de como ele funciona e do próprio experimento, com a testagem das drogas. Não por elas, especificamente, mas pelo questionamento que tudo isso traz, e que Kosinski, inspirado no conto de George Saunders, parece querer fazer. Condenados usados como cobaias humanas, testes sem informações, falta de limites e cientistas-deuses são sempre motivo para bons questionamentos.
E, também, depois de tanto tempo que se passa ali, há alguma tensão na parte final. É, sem dúvida, uma coisa boa para filmes de ficção científica sobre prisões, ainda mais quando se esperava mais alguma coisa deles, como no caso. Mas é bom lembrar que essa necessidade de algum salvamento de úlitma hora é o preço que se paga por escolher lançar um filme enquanto um megasucesso certo do mesmo diretor está no cinema. A briga com a expectativa sempre é grande demais.
Um grande momento
Jeff comanda
O filme é conseguiu ser bem superficial em temas bastante profundos. Poderia ter uma boa trama, mas infelizmente não foi bem elaborado.