Crítica | Festival

Stay The Night

Olhando de longe

(Stay the Night, CAN, 2022)
Nota  
  • Gênero: Drama
  • Direção: Renuka Jeyapalan
  • Roteiro: Renuka Jeyapalan
  • Elenco: Andrea Bang, Joe Scarpellino, Humberly González
  • Duração: 94 minutos

O encontro de frustrações é a premissa de Stay The Night, primeiro longa assinado de maneira solo pela diretora Renuka Jeyapalan. Grace, vivida por Andrea Bang (Fresh), e Carter, por Joe Scarpellino, tiveram péssimas notícias no trabalho, ela não conseguiu aquilo que queria e ele acabou de perder a sua vaga. Sentindo-se sem rumo, em um lugar inusitado e onde jamais estariam, veem-se frente a frente e começam sua jornada em busca de conforto e de um novo recomeço.

Como outros do mesmo formato, muito do longa se baseia nos diálogos e, consequentemente, nas atuações. A discrepância entre Bang e Scarpellino, com uma destacada superioridade dela, é a primeira grande barreira do filme. Um texto muito apegado a questões ultrapassadas é outra. Há, sim, coisas interessantes que são tratadas, mas é incômodo ver que apesar de toda a força que a personagem feminina poderia ter, por muitas vezes ela se vê resumida a sua insegurança em relação ao sexo oposto. Frases como “vamos arrumar um cara para afogar as tristezas” ou “os caras não gostam de mim” soam tão antiquadas para algo realizado em 2022 e ainda mais se tudo começou com uma questão profissional que é difícil acreditar.

A sensação de “fora do tempo” volta a aparecer em vários momentos, quando escolhe reações e busca situações que nem sempre casam com o que está sendo esperado, talvez pela falta de uma real conexão do espectador com a dupla de personagens. A manutenção da frustração em outros eventos, com o cara esquisito no bar, a história do namorado da recepcionista ou mesmo o crush da amiga, são bons exemplos. São fatos que buscam algo de humor e, ao mesmo tempo, reforçam a frustração dos protagonistas, mas reforçam a aleatoriedade dos momentos e deixam a narrativa cada vez menos lógica e envolvente.

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Por outro lado, é notório que há por parte de Jeyapalan muita sensibilidade e carinho pelos personagens. A estrutura que ela escolhe é bem tradicional, repetindo elementos e eventos. Na familiaridade com o formato, pelo menos por um tempo, a diretora sabe lidar bem com a estética, faz bom uso das imagens, dos espaços e da trilha para pontuar aproximação, afastamento e reconexão.

Porém, Stay the Night segue de maneira distanciada, sem nunca envolver realmente, buscando um caminho para seus dois personagens. Em uma jornada previsível inspirada em similares, porém inferior, ancora, literalmente, Grace a velhas necessidades, que não tem mais cabimento algum e frustra por demonstrar que tinha possibilidades técnicas para ir mais além.

Um grande momento
Entrando na danceteria

[SXSW 2022]

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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