Crítica | Outras metragens

Dummy

Felicidade de plástico

(Dummy, EUA, 2023)
Nota  
  • Gênero: Ficção
  • Direção: Lukas Hassel
  • Roteiro: Andrew Kaberline
  • Elenco: Umberto Lenzi, Ben Andrews
  • Duração: 13 minutos

Bill (Umberto Lenzi, de Girls Night) está sozinho e se sente deslocado onde quer que esteja. Entre as brincadeiras sem graça do colega de trabalho, uma encontra lugar na sua fragilidade para trazer algum conforto, mesmo que nonsense. Instrutor de primeiros socorros, cercado pelos dummies onde faz demonstrações de RCP (reanimação cardiorrespiratória), ele não tem ideia da situação mágica pela qual vai passar, pelo menos a princípio. Porque Dummy não é nada do que a gente espera. 

Há um humor constrangido e incômodo no modo como o curta vai se desenvolvendo. Aquela triste figura solitária ganha a tela e desperta a empatia do espectador. O diretor Lukas Hassel (Into The Dark) sabe como utilizar isso para transformar o seu filme e levá-lo para lugares fantásticos e obscuros, em uma pequena fábula sobre voltar ao passado e tornar a sentir-se parte importante de algo.

Embora o contexto seja complexo, o modo como toda a trama se apresenta é simples, usando poucas locações, efeitos e deixando o espectador interpretar como quer aquilo que vê. Até mesmo quando assume sua intenção sobrenatural, há tanto de traumas e alegorias em sua bagagem que isso não pode ser desprezado.

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Não há como não se envolver com o jogo que Haas cria, misturando a felicidade plástica – em muitos sentidos – que faz o protagonista abandonar sua vida e a atmosfera de horror que vai tomando conta do filme. Dummy acaba sendo algo entre o objeto e o humano, o real e o inventado, e é muito irônico, mas também melancólico, o modo como escolhe concluir a jornada de Bill em busca daquilo que não mais está lá. 

Um grande momento
O jantar está servido

[19º HollyShorts Film Festival]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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