(W, GRE, GBR, 2019)
Em W, um professor segue a sua rotina na sala de aula. Ele fala sobre as questões socioantropológicas, a evolução do homem e o que os levou a assumir um novo papel no mundo, deixar as cavernas para criar as cidades. Seus alunos o contestam, fazem novas e mais complexas perguntas.
Na primeira direção de Stelios Koupetoris, depois de muitos anos dedicado à edição de som, preocupa-se em desvendar aquele homem. Com lentes, zoom e movimentos variados de câmera, aproxima-se dele, o coloca em novos lugares, embora no mesmo lugar. A estética é apropriada à história de permanência que conta.
Com uma atuação convincente de Antonis Tsiotsiopoulos, naquele homem, há uma dificuldade em entender o que aconteceu e como as coisas chegaram no ponto onde chegaram. A sensação é compartilhada por quem assiste ao filme, logo que o ambiente se revela. O vazio do professor é o de todos, e seu discurso prévio leva a considerações sobre como esse vazio se fez presente.
É nos destroços que a mudança humana, sua constituição em sociedades distintas guiadas pelo dinheiro e pela religião, se torna devastadora, literalmente. Naquela ausência está o resultado da complexidade das inter-relações, da falta de percepção do outro. Na coerção pela força, em retaliações e conquistas, a humanidade perde e se perde.
O curta de Koupetoris, também antropólogo, é eficiente na construção dessa percepção, seja por palavras ou pelo modo como quebra a expectativa. Porém, há uma falta de crença na força das imagens, que nem de perto precisariam da trilha sonora que toma conta do filme, dando a ele um tom melodramático que destoa de toda a crueza de seu tema, assim como se excede no passeio posterior.
Ainda assim, W vale pela forma como consegue transmitir seus questionamentos e pela boa construção até então. Por ser um primeiro filme, se entende a insegurança e a vontade de tornar tudo aquilo mais suntuoso e apoteótico. Até chegar a compreender que menos é mais demora mesmo um tempo.
Um grande momento
Mostrando a turma