(Wander Vi, BRA, 2020)
“Sou preto, gay e feliz”, é assim que Wanderson Vieira, o Wander Vi, aos 22 anos se autodescrevia. O depoimento é resgatado pelo curta-metragem que leva seu nome artístico, um documentário assinado por Nathalya Brum e Augusto Borges. O filme faz um apanhado da vida do cantor, em citações, como estoquista de um supermercado no Plano Piloto, e em imagens como dançarino do grupo Lenda Urbana, de Taguatinga, mas se atenta mesmo à luta para ser reconhecido por sua música.
Também compositor, Wander Vi ficou conhecido pouco antes de a pandemia, na última edição do Show de Talentos, no Teatro Garagem do Sesc. Sua voz marcante e um grande alcance vocal, ele sabe como trabalhar com os falsetes, registro batido atualmente, mas com poucos nomes que realmente sabem como trabalhá-lo. Brum e Borges têm consciência disso e pontuam o filme com vários deles.
A simpatia também é um dos pontos de apoio de Wander VI. Carismático, o modo carinhoso com que o cantor fala de si mesmo, da Ceilândia, da música ou como abre sua casa e seu “estúdio” para os documentaristas, expondo seu cotidiano e sua rotina na criação artística, é contagiante. A intimidade, tão importante para documentários biográficos como esse, é atingida e a interação entre os realizadores e o documentado flui muito bem, com revelações e passagens divertidas.
Porém, mesmo que o personagem seja fantástico e cativante, falta uma certa cadência ao filme. É como se todos os depoimentos e inserções não estivessem bem amarrados e nem sempre estão coerentes na ordem em que estão dispostos, isto faz com que, por vezes, a atenção se desvie. Mas vale a pena conhecer, porque Wander Vi é um artista que merece ganhar o Brasil e o mundo. O documentário talvez seja o primeiro passo neste longo caminho.
Um grande momento
Vocês podem cortar depois, né?