- Gênero: Documentário
- Direção: Casey Patterson
- Roteiro: Casey Patterson
- Duração: 102 minutos
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Nota: 4/5
A ressaca de natal rendeu um especial na HBO Max que, se não faz nada de diferente, se pauta na emoção e na nostalgia para trazer depoimentos memoráveis daqueles que fizeram parte da vida de muita gente: o elenco dos sete filmes da franquia Harry Potter.
Tendo como grande chamariz a presença dos intérpretes de Harry, Rony e Hermione – respectivamente Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson – o especial vem sendo visto e revisto pelos fãs nesses primeiros dias do ano. Mas mesmo os que não se consideram « pottermaniacos » vão apreciar a viagem no tempo, já que o reencontro se dá nos principais sets e cenários do mundo mágico construído em Leavesden, no arredores de Londres.
Malfadada, a criadora e transfobica J.K. Rowling não é uma das ilustres presenças nesse especial, aparecendo apenas em imagens de uma entrevista concedida em 2019 para divulgar a tour pelos estúdios. Mas outras ausências do elenco certamente são sentidas como Maggie Smith (Professora Minerva), Michael Gambon (Dumbledore), David Thewlis (Lupin), Emma Thompson (Professora Trelawney) e Imelda Staunton (Dolores Umbridge). Fato é que o especial foca no elenco jovem e no carisma de alguns veteranos como Bellatrix/Helena Bonham Carter e sua risada maravilhosa, Hagrid/Robbie Coltrane e Voldemort/Ralph Fiennes.

A divisão e capítulos desse documentário especialíssimo, separando a cada dois filmes fases dos personagens que encontram reflexos em suas contrapartes reais traz uma amostra ainda que polida mas pouco vista de como o trio principal sentiu e sente o impacto em suas vidas. Da depressão de Rupert, a dificuldade em ser outra coisa além do “Rony” ao medo que Emma sentiu e que a fez pensar em sair antes do início das filmagens de A Ordem da Fênix além do receio de Daniel, na época apenas com 11 anos, de não ser aceito pelos fãs dos livros e todo o peso e pressão que teve que carregar. Eles choram, se abraçam, trocam afetos e nós choramos do lado de cá.
Além de ver como os atores e atrizes amadurecem e se emocionam ao lembrar de como cresceram junto com os filmes ou daqueles que partiram – como Draco/Tom Felton contando o quanto aprendeu com sua mãe na ficção Helen McCroy (Narcisa) que morreu de câncer no ano passado – De Volta a Hogwarts permite poder entender melhor os desafios de produção e de direção da franquia ao conferir os depoimentos de Chris Columbus – que dirigiu os dois primeiros filmes -, Mike Newell (e a guinada teatral em Cálice de Fogo) até David Yates, que assume a batuta no quinto filme e dirige inclusive os da série Animais Fantásticos.
Dessa leva de depoimentos dos cineastas o mais bacana sem dúvidas é o de Alfonso Cuaron, que foi o responsável por dar uma guinada mais soturna e entrar na adolescência dos personagens com o terceiro filme (O Prisioneiro de Azkaban) e que foi quem, segundo o trio, os tratou como adultos pela primeira vez e passou tarefas para eles durante as gravações; para assim conhecer melhor os personagens. Podendo muito bem ser uma série especial invés de um longa-metragem, De Volta a Hogwarts condensa bem a nostalgia, 20 anos depois, mostrando a força da magia intocada desde a primeira cena em que o menino que sobreviveu, ainda bebê, com a marca de raio na testa, é deixado na porta da casa número 4 na rua dos Alfeneiros.
Como diz Robbie Coltrane: “Vocês pode estar assistindo aos filmes daqui a 50 anos. Eu não estarei mais aqui, mas o Hagrid vai.”
Um grande momento
Daniel Radcliffe e Sirius/Gary Oldman na sala de poções falando de Snape/Alan Rickman.
Dica!
Não deixem de assistir ao primeiro filme, Harry Potter e a Pedra Filosofal, na edição especial na HBO Max com comentários de Chris Columbus falando, dentre outras coisas, dos efeitos visuais práticos que implementou junto com a equipe.