(7500, EUA, 2020)
Ambientes restritos são sempre um bom lugar para se criar a tensão no cinema. Se eles estiverem a mais de 10 mil pés de altitude, então, a angústia é garantida. É nisso que se apoia o longa 7500, produção da Amazon com Joseph Gordon-Levitt (A Origem) como protagonista. O título vem do código usado na aviação para informar que o avião tem algum tipo de intervenção ilícita, como no caso de um sequestro.
Estreia de Patrick Vollrath na direção de longas-metragens, o filme mescla bons momentos com a falta de precisão no tempo dedicado a cada cena. O mais estranho é que o roteiro se interessa em apressar a apresentação dos personagens e das situações, mas algum tipo de apego faz com que as cenas se prolonguem. Falta profundidade e sobra exposição.
Mas há a construção da tensão, algo positivo e que começa a ser trabalhado desde o escuro da cabine antes da decolagem até o desenrolar da ação terrorista. Vollrath sabe como se utilizar de filmagens de segurança e trabalha bem o pouco espaço para confundir movimentos e dar um ar claustrofóbico ao que se vê. Ainda que não transporte o espectador, como outros títulos que se aproveitam da restrição, consegue fazer algo.
Apesar disso, tem todo o cansaço temático, repleto de preconceitos, como a definição dos sequestradores como muçulmanos. Batida e nociva é uma representação que domina boa parte do gênero cinematográfico em Hollywood. E não para por aí, a tomada de um avião já foi vista diversas vezes e mesmo que filmada de várias maneiras, não é uma abordagem que consegue, de maneira completa, se renovar esteticamente.
Partindo para o roteiro apressado, assinado pelo diretor ao lado de Senad Halilbasic, 7500 se perde em relações mal-construídas. O longa passa o tempo todo querendo se humanizar, faz questão de trazer um universo externo em dois personagens, cria a ligação entre colegas e busca desesperadamente um vínculo entre protagonista e antagonista, mas é tão superficial que não convence ninguém.
7500 é mais um exemplar de ação que tenta ser mais do que aquilo que consegue. Não que fracasse totalmente em sua intenção primeira: a de trazer o senso de angústia e talvez isso seja a melhor coisa do filme. Se fosse mais ciente de suas carências e se dedicasse mais à ação em si, talvez fosse muito melhor.
Um Grande Momento
“Subir… subir…”