De 5 a 10 de julho, acontece, de forma online e gratuita, 21ª Goiânia Mostra Curtas. Foram selecionados 86 filmes para as três categorias competitivas do festival (Curta Mostra Brasil, Curta Mostra Goiás, Curta Mostra Animação), e para as não competitivas (20ª Mostrinha e Curta Mostra Especial). A lista completa está disponível no site do festival, neste link. Toda programação poderá ser vista na plataforma digital InnSaei.tv.
Este ano o número significativo de obras audiovisuais demonstra a força da produção audiovisual brasileira, mesmo diante dos desafios impostos pela pandemia e pela escassez de políticas públicas em prol da cultura. Segundo a diretora-geral da Goiânia Mostra Curtas, Maria Abdalla, é preciso manter os esforços e dedicação para a realização desses festivais, para a formação da plateia. E isso não só em Goiás, mas em todo o Brasil.
“Esta é uma forma de reforçar a continuação da produção de curtas-metragens, discutir a importância dessas produções no Brasil e, assim, ampliar o espaço que já vem sendo conquistado no exterior. E é o mercado cinematográfico o responsável pela grande parte da manutenção da indústria do audiovisual no país, movimentando a economia criativa, gerando capacitação de profissionais, com geração de empregos e renda”, ressalta Maria Abdalla.
A 21ª Goiânia Mostra Curtas encerrou as inscrições para filmes no último dia 6 de abril, com 858 obras enviadas. Dentre os filmes, o festival recebeu inscrições de 26 estados brasileiros e do Distrito Federal, sendo que 451 de ficção, 263 documentários, 93 curtas experimentais e 51 animações.
De acordo com Maria Abdalla, o fato da mostra ter recebido 858 inscrições, com obras de 26 estados revela uma grande ânsia para alavancar a produção audiovisual brasileira. “É isso que renova as nossas forças para seguir com a luta diária que vivemos para realizar os festivais, para que nossas produções tenham a visibilidade que elas merecem dentro e fora do País”, pontua.
CATEGORIAS E CURADORIAS
Na Curta Mostra Brasil, que apresenta um panorama da produção nacional em curta-metragem, com curadoria do diretor, pesquisador e professor Rafael de Almeida, há 42 filmes. “Nosso gesto curatorial foi de refletir sobre como essa produção brasileira recente reage à sensação de um mundo em suspenso, que nos foi imposto pelo cenário pandêmico e seus desdobramentos. A composição dos quatro programas de filmes foi pensada a partir desse questionamento”, explica o curador.
Para dar visibilidade à produção local, que se encontra em franco desenvolvimento e ascensão, a Curta Mostra Goiás apresenta 12 filmes, tendo como curador Fábio Rodrigues Filho: “Estão reunidos trabalhos realizados entre 2020 e 2022, perfazendo um recorte pequeno, múltiplo e vigoroso da produção no estado de Goiás. Agrupamos os filmes em três programas. Tais programas buscam criar vizinhanças (por ressonância, contraste etc.) entre os filmes querendo a um só tempo realçar suas singularidades e amplificar suas forças e engajamentos”. Ainda em competição, a Curta Mostra Animação é composta por 14 produções selecionadas pelo curador Cesar Cabral.
FORA DE COMPETIÇÃO
Já na 20ª Mostrinha, dedicada ao público infantil, serão 5 filmes exibidos, com destaque para o tema ancestralidade. “Em tempos de urgência em falar de ancestralidade, rastreando nossas origens, quem somos e de onde viemos, esta seleção reúne curtas de cinco estados brasileiros protagonizados por crianças e atravessados pela poesia e pelo humor, pela ausência e pela memória, pela melancolia e pela afirmação da identidade”, afirma a curadora Gabriela Romeu.
A Goiânia Mostra Curtas apresenta também a tradicional Curta Mostra Especial. Em 2022, o tema é “Rasteiras Imaginárias”. Dividida em dois programas, serão exibidos 13 filmes produzidos entre 2009 e 2022, que apresentam atmosferas distintas, dimensões técnicas, afetivas, éticas e estéticas entre casa e rua, sonho e memória. A curadoria dessa mostra é das programadoras de cinema e curadoras Talita Arruda e Melina Bomfim.
No primeiro programa da Mostra Especial “Incensar o mundo”, parte de um desejo nutrido entre fabulações, encontros e deboche, chegando a outros choques que revestem o imaginário em experiências, territórios e subjetividades. Já o segundo programa “(no) sampler dos gestos íntimos” traz uma intimidade, ora supressão na história, ora rasura e minúcia como linguagem do corpo negro.
Os filmes serão exibidos de 6 a 10 de julho.
ATIVIDADES PARALELAS
Neste ano a Goiânia Mostra Curta promove um estudo de caso com uma masterclass sobre o filme mato-grossense Madalena, que em 2021 participou de grandes festivais como Rotterdam e San Sebastian e contará com a participação do diretor Madiano Marcheti, do produtor Marcos Pieri e mediação de Rachel do Valle, do projeto Paradiso Multiplica. A masterclass será realizada no dia 7 de julho, às 19h, no canal do Icumam no Youtube.
A proposta é um diálogo com o diretor e um dos produtores sobre o processo criativo e as estratégias que levam à realização do longa-metragem. Também permeará a discussão, o desafiador passo do curta até o primeiro longa, passando por todas as etapas de produção do filme até a sua distribuição dentro e fora do país.
Como parte das atividades de formação, a 21ª Goiânia Mostra Curtas apresenta o debate A Preservação Audiovisual no Centro-Oeste: realizações e desafios, que tem em seu histórico um intenso trabalho de formação de profissionais do audiovisual e a abordagem de discussões que permeiam o mercado e a arte. A atividade é aberta ao público, acontece no dia 8 de julho no canal do Icumam no Youtube, às 19 horas, e não é necessário realizar inscrições.
O debate trará um dos temas mais recorrentes nas discussões sobre o patrimônio audiovisual brasileiro: a urgente necessidade da regionalização das estruturas de preservação audiovisual no Brasil. Kadidja Oliveira, arquivista do Distrito Federal, Marinete Pinheiro do Museu de Imagem e Som de Mato Grosso do Sul e Tânia Mendonça do Museu de Imagem e Som de Goiás participarão do debate que tem curadoria e mediação da pesquisadora e preservacionista audiovisual Lila Foster.
Outras atividades programadas são o Laboratório de Roteiro de Audiovisual, com os cineastas Alice Riff (documentário) e Gabriel Martins (ficção), e a Oficina de Design de Audiência, em parceria com o BrLab, ambas com necessidade de inscrições.