Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Dados de formas diferentes vão sendo rolados e os números determinam as pontuações em cada característica. Força, destreza, constituição, inteligência, sabedoria, carisma. Os resultados indicam quem você poderá ser: uma poderosa maga, um devoto clérigo, um destemido guerreiro ou um ágil ladrão. Este é o personagem que levará você, junto com seus amigos e seus respectivos personagens, a jornadas incríveis previamente criadas por uma outra pessoa, um mestre. A graça dessas aventuras? Os dados também definem o que acontecerá a seguir, que criaturas vão aparecer e qual é o poder e a força de cada uma delas. Outros humanos, orcs, esqueletos, dragões, aboleths, gigantes, balors, harpias, banshees e até o Kraken podem cruzar o seu caminho e acabar com o seu jogo.

Neste universo de role playing game, jogos onde você vai muito além do pino e interpreta o personagem, Dungeons & Dragons, ou D&D, foi o primeiro, e quem já jogou sabe o quão divertido e delicioso é. Seu universo fantástico é livremente inspirado na obra de J.R.R. Tolkien (o criador de “O Senhor dos Anéis”), com toques que remetem a outros elementos mitológicos, folclóricos e populares e, com o passar dos anos, contou com modernizações de personagens e criaturas em seus livros do mestre e livros de monstros, uma versão advanced e produtos derivados, no mesmo formato ou em outras plataformas. Virou filme e até um desenho animado sem episódio final. Sim, A Caverna do Dragão é D&D.

Agora está nos cinemas com Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, dirigido por John Francis Daley e Jonathan Goldstein (diretores de A Noite do Jogo), e estrelado por Chris Pine (Star Trek) como o ladrão Edgin e por Michelle Rodriguez (da série Velozes e Furiosos) como a guerreira Holga. A história é de Chris McKay e Grillo, que também assina o roteiro ao lado de Daley e Jonathan Goldstein. Tudo indica que nessa sala de criação estavam pessoas que já jogaram e/ou ainda jogam D&D, Magic ou coisas do gênero – porque jogadores de RPG costumam levar esse hábito para a vida – e, dá para perceber, que eles se divertiram enquanto escreviam o filme.

O resultado é uma aventura igualmente estimulante para o público, com uma trama medieval cativante e personagens elaborados e que despertam a identifcação. Da reunião das figuras até o evento que dá início à jornada dos dois protagonistas, os diretores sabem como apresentar seu universo e aqueles que nele habitam sem perder tempo e, embora se percam no ritmo aqui e ali, conseguem criar uma história com boas reviravoltas e revelações. Há fugas, tomada de poder, resgates, vingança e aquela eterna briga entre o bem e o mal que sempre funciona.

Rodriguez e Pine têm uma boa química como a dupla improvável que segue unida desde o princípio, e eles ficam bem ao lado de Sophia Lillis como a druida Doric e Justice Smith como o mago Simon. Isso sem falar na deliciosa participação de Hugh Grant como o ganancioso ladrão Forge. Há ainda todo um universo criado para transportar quem assiste ao filme, com desenho de produção e figurinos elaborados de Ray Chan (diretor de arte dos filmes da Marvel) e Amanda Monk (da série After Life), respectivamente. Os efeitos visuais, embora nem sempre tão perfeitos assim, também fazem a diferença, com labirintos mágicos, representações gráficas do mal e criaturas clássicas.

Com aqueles que nunca jogaram Dungeons & Dragons vai funcionar como um filme de aventura medieval com figuras que são reconhecíveis e até mesmo citações a universos conhecidos que vão dar alguma graça à experiência. A fantasia sempre transcendeu o jogo mesmo e é até por isso que ele faz tanto sucesso, por voltar a algo que sempre fez e fará sucesso com o público por seu caráter mágico e, ao mesmo tempo, familiar. Com iniciados, o filme tem um componente extra que é o de, junto com toda a tensão e correria dos eventos, imaginar o carisma, destreza e alinhamento de cada personagem e reconhecer tanta coisa já vista e enfrentada antes.

Um filme de aventura com uma trama família para toda a família, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes cumpre exatamente aquilo a que se propõe. Tem magia e adrenalina em sua trama e, além de reconstruir um universo muito divertido com seus toques pessoais, como bons mestres fariam, agrada a todos, sejam eles donos de dados estranhos ou não.

Um grande momento
A fuga da prisão