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A Batalha Esquecida

Lutas de uma mesma guerra

(De slag om de Schelde, NED, LIT, BEL, 2020)
Nota  
  • Gênero: Guerra
  • Direção: Matthijs van Heijningen Jr.
  • Roteiro: Paula van der Oest, Jesse Maiman, Pauline van Mantgem, Reinier Smit, Matthijs van Heijningen Jr.
  • Elenco: Gijs Blom, Jamie Flatters, Susan Radder, Jan Bijvoet, Tom Felton, Coen Bril, Theo Barklem-Biggs, Scott Reid, Marthe Schneider, Ronald Kalter, Hajo Bruins, Justus von Dohnányi, Joep Paddenburg
  • Duração: 124 minutos

Muitas foram as vezes que a Segunda Guerra esteve no cinema. Pensando nos filmes que enfocam o campo de batalha, são muitos os títulos que se inspiram em relatos de conflitos, batalhões ou momentos específicos, alguns muito conhecidos de todos e outros nem tanto. Há histórias que ficam perdidas no tempo e que também mereciam ter suas versões contadas para serem conhecidas além de seus países e regiões, como é o caso da Batalha do Rio Escalda, fundamental para a desocupação dos Países Baixos pelas tropas canadenses. É o que faz o longa-metragem neerlandês A Batalha Esquecida, atual hit da Netflix dirigido por Matthijs van Heijningen Jr..

Partindo de uma explicação gráfica rápida de em que ponto se encontrava a investida dos aliados contra os nazistas após o desembarque na Normandia, o filme chega até a complexa movimentação nas terras alagadas da província da Zelândia. Há muito do conflito armado em si, mas outros elementos humanos são trazidos ao filme. O roteiro, assinado a dez mãos pelo próprio diretor e por Paula van der Oest, Jesse Maiman, Pauline van Mantgem e Reinier Smit, parte de duas tramas principais: a de Will, um soldado que está prestes a embarcar e a de Teu, uma jovem que encontra motivos para ajudar a resistência.

A Batalha Esquecida
Foto: Divulgação

Essa duplicidade em A Batalha Esquecida dá um andamento interessante ao filme, mas há um certo desequilíbrio na abordagem. Há uma preocupação com as relações na história da jovem, com personagens mais profundos, como os membros de sua família, e dinâmicas um pouco mais complexas, a questão que a mobiliza; enquanto a ação se concentra na parte de Will. Embora ela esteja por todo o filme, este outro lado privilegia a adrenalina e não há como negar que falta envolvimento com o personagem em si. Sua trama pessoal, por exemplo, como a questão da mãe, é praticamente esquecida no meio do filme, coisa que jamais acontece com a motivação de Teu.

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Seria como se a ideia do roteiro fosse separar sentimento e ação e, ao mesmo tempo, criar um outro elemento que servisse como ponto de ligação para essas duas tramas, artifício que vem na figura do jovem neerlandês Marinus, soldado nazista. Limitados àquilo que o roteiro exige, e por vezes esbarrando em algumas limitações individuais, os três papéis são vividos por Susan Radder, Jamie Flatters e Gijs Blom, este último bem superior aos outros dois e com um personagem mais interessante por, justamente, não ser tão linear e mesclar sentimentos e ações.

A Batalha Esquecida
Foto: Divulgação

A Batalha Esquecida tem uma fotografia caprichada de Lennert Hillege; um desenho de produção com boa reconstituição de época de Hubert Pouille (Mandy), e um trabalho de edição de Marc Bechtold, principalmente nas cenas de guerra, eficiente. São elementos que adicionam e atraem a atenção para uma história que, dentre todas as muitas já vistas sobre a época, pouco se vê retratada. Poderia ser melhor, se não fosse tão restritiva em suas determinações e tratasse suas tramas da mesma maneira, mas nem por isso deixa de ter o seu valor.

Um grande momento
Will e Marinus

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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