Crítica | Streaming e VoD

A Criada

(Ah-ga-ssi, KOR, 2016)
Drama
Direção: Chan-wook Park
Elenco: Min-hee Kim, Tae-ri Kim, Jung-woo Ha, Jin-woong Jo, Hae-suk Kim, So-ri Moon
Roteiro: Sarah Waters (romance), Seo-kyeong Jeong,
Duração: 144 min.
Nota: 8 ★★★★★★★★☆☆

O nome Chan-wook Park traz ao espectador uma curiosidade instantânea assim que é citado. O ex-crítico de cinema, criador de Mr. Vingança, Oldboy, Lady Vingança, Sede de Sangue e Segredos de Sangue, entre outros, tem o poder de impressionar quem assiste a seus filmes, sempre pela forma e muitas vezes pelo conteúdo.

É com essa habilidade para reconstruir histórias que Park vai buscar no romance Fingersmith, de Sarah Waters, mais uma de suas histórias, A Criada. A trama original que se passa na Inglaterra vitoriana transfere-se para a Coreia dos anos 1930 e durante todo o filme há uma mistura de características orientais e ocidentais.

A história é a de Sook-Hee, uma jovem batedora de carteiras que aceita tornar-se parte de um plano para tomar o dinheiro de Hideko, uma rica herdeira que vive em uma excêntrica mansão com o tio, colecionador de livros.

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Isolada da sociedade desde a infância, Lady Hideko foi treinada para transformar-se em uma leitora de livros, assim como fora sua tia. Em uma das sessões de leitura, o Conde Fujiwara a conhece e elabora um plano para ficar com todo o seu dinheiro.

Alternando entre o drama e o suspense, com altas doses de erotismo, o filme vai se construindo em narrativas independentes que se encontram no desfecho, entre reviravoltas e surpresas.

Há um cuidado perceptível com a posição de cena, as cores, luzes, a demarcação de época e o casamento entre o Ocidente e o Oriente. Além de toda a dedicação ao visual, Park não perde a mão na distribuição da trama e nem teme aventurar-se em repetições, que aqui funcionam muito bem.

Além dos acertos estéticos e de ritmo, o diretor ainda conta com boas atuações do trio principal, Min-hee Kim, Tae-ri Kim e Jung-woo Ha. Todos capazes de despertar no público sentimentos como pena, aversão e encantamento.

Embora alongue-se no terço final, é em A Criada, que o diretor coreano chega ao topo de sua carreira. Reconhecem-se suas marcas registradas, seu interesse pelo suspense, mas a ousadia com que trata a adaptação faz com que o filme se distinga do resto.

Um filme imperdível. E é, tão esteticamente impressionante, que merece ser visto na telona.

Um Grande Momento:
De noite na árvore.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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