Crítica | Streaming e VoD

A Cura

(A Cure for Wellness, EUA, ALE, 2016)
Nota  
  • Gênero: Terror
  • Direção: Gore Verbinski
  • Roteiro: Justin Haythe, Justin Haythe, Gore Verbinski
  • Elenco: Dane DeHaan, Jason Isaacs, Mia Goth, Ivo Nandi, Adrian Schiller, Celia Imrie, Harry Groener, Tomas Norström Roteiro: Justin Haythe, Justin Haythe, Gore Verbinski
  • Duração: 146 minutos

Depois de muitas aventuras familiares, Gore Verbinski finalmente retorna ao gênero que o destacou: o terror. A Cura é um filme que evoca muito da construção fantástica clássica, em temática e ambientação, mas, perdido na estética, muito mais cansa do que instiga o espectador.

A história contada é a de um executivo que só pensa em trabalho e após uma promoção inesperada é enviado a um antigo castelo transformado em asilo. Sua missão é encontrar um dos diretores da empresa onde trabalha e levá-lo de volta à cidade, para que assine uma importante fusão empresarial. Porém, ao chegar no local descobre que nem tudo é o que parece.

A Cura

A sequência inicial impressiona pela elaboração estética. Verbinski sabe como fazer isso e, nesses primeiros minutos, elabora mais uma de suas peças. Além da boa construção do ritmo, o que se vê é cativante. Porém, à medida que as sequências vão se sucedendo, o visual acaba perdendo a sua força para uma trama ancorada em reviravoltas forçadas, repetitiva e sem atrativos. Embora a superfície seja muito impressionante, aquilo que se apresenta é raso e desinteressante.

Apoie o Cenas

Há um problema de montagem que esvazia a trama, que poderia até interessar se contada de forma mais econômica e precisa. As quase 2h30 de projeção não têm justificativa, assim como não se explica a demora para a construção do suspense principal do longa-metragem. Há muitas idas e vindas desnecessárias, explicações excessivas e apego a sequências pouco proveitosas fora do quesito estético.

A Cura

Para complicar ainda mais, o desfecho assume um tom frenético que nada tem a ver com a condução arrastada até então. Esta mudança no tom do filme, que poderia gerar um interesse extra, aqui trabalha contra a obra. Primeiro por chegar em um momento onde o cansaço já domina quem o assiste, depois por explicitar ainda mais a falta de objetividade em todo o começo da obra.

O desinteresse crescente prejudica qualquer mensagem que o longa tente trazer, seja a crítica ao trabalho e ao capitalismo, seja a obsessão pelo perpétuo. Não há porque se importar com o passado daqueles personagens ou ansiar pelos caminhos que trilharão a partir dali. Tudo isso faz com que flashbacks e descobertas percam qualquer sentido e apareçam como mais um motivo para prolongar aquilo que já estava longo demais.

A Cura

Mesmo que A Cura traga de volta alguns resquícios de um cinema de gênero interessante, conte com boas atuações de Dane DeHaan (Poder sem Limites) e Mia Goth (Ninfomaníaca), e seja algo surpreendente aos olhos, a falta de conexão com a história contada é fatal.

Um Grande Momento:
O acidente.

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
Botão Voltar ao topo