Crítica | Streaming e VoD

Madame

(Madame, FRA, 2017)
Comédia
Direção: Amanda Sthers
Elenco: Toni Collette, Harvey Keitel, Rossy de Palma, Michael Smiley, Tom Hughes, Violaine Gillibert, Stanislas Merhar, Sue Cann, Ariane Séguillon, Amélie Grace Zhurkin
Roteiro: Amanda Sthers, Matthew Robbins
Duração: 91 min.
Nota: 4 ★★★★☆☆☆☆☆☆

Não demora muito para que se percebam os muitos desacertos em Madame, longa-metragem dirigido por Amanda Sthers. Esta espécie de adaptação do conto de fadas Cinderela deixa clara a sua intenção de ser política e tenta moldar-se como uma comédia romântica, mas não alcança nenhum dos objetivos traçados.

Sem se aprofundar muito na construção dos personagens, Sthers cria uma elite que não é caricata e nem realista, e ainda é pouco envolvente, pois, diferente de sua intenção, não desperta mais do alguns poucos momentos do desconforto. Além disso, a diretora e roteirista também se atrapalha ao definir o protagonismo, repetindo na construção de sua história justamente aquilo que tenta criticar.

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Mesmo que todos os universos pessoais criados encontrem-se na história de Maria, a governanta que é obrigada a se passar por convidada num jantar luxuoso, há uma desconsideração desta narrativa em detrimento às dos patrões Anne e Bob Fredericks. A sucessão de humilhações, a criação de um romance e todas as tentativas de gerar um laço com aquela personagem, mesmo com a excelente atuação de Rossy de Palma , perdem-se completamente quando a tela é ocupada por outras pessoas, tal ou ainda mais mal construídas do que ela.

Não há sutileza, complexidade ou profundidade. O que se vê parece sempre estar menos desenvolvido do que deveria e não se encontra nas várias possibilidades de trama que ambiciona. Sobram assim, metades de personagens, situações soltas e descasadas, e até mesmo momentos de inspiração estética duvidosa, onde a beleza plástica não se justifica ou explica. E incomoda o modo como os conflitos concluem-se, perpetuando, mais uma vez a posição criticada e todos os preconceitos que finge combater.

Com tantos atropelos e desacertos, sem conseguir encontrar seu lugar entre a crítica social ou o conto de fadas transformado em comédia romântica, o que sobra mesmo de Madame são as boas atuações, com destaque para De Palma e Toni Collette.

Um Grande Momento:
Sem grandes momentos.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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