Se o ano está se iniciando, já sabemos que junto com ele vem também a abertura da temporada de festivais brasileiros, que tradicionalmente se inicia com a Universo Produção colocando na rua mais uma edição da Mostra Tiradentes, em sua 27a. edição. Mais uma vez nos encontraremos entre os dias 19 e 27 de janeiro, na cidade histórica mineira, para celebrar os talentos de jovens realizadores, ressaltar a categoria dos tradicionais, e promover esse primeiro contato com o audiovisual brasileiro em sua seleção mais recente.
A Mostra Tiradentes tem como visão principal o cinema de invenção, aquele escopo autoral que conversa com uma ideia de experimentação de linguagem, e expande nosso olhar em direção a propostas cinematográficas de risco. Dentro da Aurora, a principal vitrine do festival, estão concentrados os títulos que cineastas em até terceira incursão em longas metragens vão disputar o Troféu Barroca, assim como na Olhos Livres estão compostos os títulos cujo júri jovem consagra como o melhor da edição.
Tematicamente, a Mostra Tiradentes apresenta em 2024 “As Formas do Tempo“. Pelo seu caráter de conexão com o presente, a Mostra de Tiradentes pretende trazer ao debate o momento em que o setor volta a fazer projeções de qual futuro é possível construir e de perguntar como lidar com os despojos que o processo anterior de um governo de direita e contrário à cultura deixou de legado. “Precisamos escolher para onde vamos olhar e defendemos que é preciso, sobretudo, olhar para os filmes, para o tempo dos filmes, seja a modulação do tempo construída por eles como objeto, seja o tempo no qual o filme existe”, diz Francis Vogner dos Reis, coordenador de curadoria. Para ele, a demanda de eficiência e a velocidade dos acontecimentos no mundo solicitam novas formas da atenção e dos sentidos, mais rápida, fragmentária e ansiosa. Enquanto isso, cineastas como André Novais Oliveira, Paula Gaitán, Julio Bressane e Isabel e Sueli Maxakali, entre outros, parecem seguir em desafio e desarranjo a esse estado exigente das coisas.
Além disso, a Mostra Tiradentes 2024 tem a honra de homenagear dois talentos mineiros do hoje, dois artistas que estão entre os mais representativos do estado nos últimos anos, o já citado cineasta André Novais Oliveira e a atriz Bárbara Colen, que estarão presentes a debater sua trajetória e mostrar um pedaço do valor que entregaram ao cinema brasileiro na última década.
Entre os cineastas que estarão em evidência, teremos os novos longas de Tiago A. Neves (de Cervejas no Escuro), Isaac Donato (de Açucena), Gregório Gananian (de Inaudito), de Arthur Tuoto (de Não me Fale sobre Recomeços), além da estreia na direção do produtor Leonardo Lacca, que já tinha competido em Tiradentes com Animal Político.
A Mostra Tiradentes continua mantendo a coordenação de curadoria para Reis, que mais uma vez conta com a presença de Tatiana Carvalho da Costa entre os curadores, que passa a contar também com Juliano Gomes e a assistência de Rubens Anzolin, entre os longas. Entre os curtas, as presenças de Camila Vieira, Leonardo Amaral, Lorenna Rocha, Mariana Queen Nwabasili e Pedro Guimarães.
Abaixo, os títulos das duas competições, tanto a Aurora quanto a Olhos Livres.
AURORA:
- “EROS” (PE), de Rachel Daisy Ellis
- “Eu Também não Gozei” (SP), de Ana Carolina Marinho
- “Maçãs no Escuro” (SP), de Tiago A. Neves
- “Lista de Desejos para Superagüi” (PR), de Pedro Giongo
- “Not Dead” (BA), de Isaac Donato
- “O Tubérculo” (SP), de Lucas Camargo de Barros e Nicolas Thome Zetune
- “Sofia Foi” (SP), de Pedro Geraldo
OLHOS LIVRES:
- “A Câmara” (DF), de Cristiane Bernardes e Tiago de Aragão
- “Aquele que Viu o Abismo” (SP), de Gregorio Gananian e Negro Léo
- “Foram os Sussurros que me Mataram” (PR), de Arthur Tuoto
- “Seu Cavalcanti” (PE), de Leonardo Lacca
- “SOAP” (RJ/SP), de Tamar Guimarães
- “Terror Mandelão” (SP), de Felipe Larozza e GG Albuquerque
