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A Odisseia dos Tontos

(La odisea de los giles, ARG, ESP, 2019)

  • Gênero: Aventura
  • Direção: Sebastián Borensztein
  • Roteiro: Sebastián Borensztein, Eduardo Sacheri
  • Elenco: Ricardo Darín, Luis Brandoni, Chino Darín, Verónica Llinás, Daniel Aráoz, Carlos Belloso, Marco Antonio Caponi, Rita Cortese, Andrés Parra
  • Duração: 116 minutos
  • Nota:

Com a economia argentina em frangalhos, os cidadãos tentavam se virar como podiam. Era assim também com a turma da pequena província de Buenos Aires e especialmente com um grupo de amigos que sonhava em abrir uma cooperativa, reativando uma antiga benfeitoria do local.

A ideia ganha força e, como o ânimo do pequeno grupo é contagiante, faz com que outras pessoas aceitem participar da empreitada, cada uma com suas economias. Vale passear pela história econômica da Argentina para entender um pouco melhor o filme e lembrar que nos anos 1990, uma política cambial arrojada e desastrosa, permitiu que se trocasse pesos por dólares livremente. Foram esses dólares que entraram no negócio da cooperativa, cada um dando suas últimas reservas.

A Odisseia dos Tontos (2019)

O golpe sofrido pelos tontos do título acontece numa sequência inspirada, embora não tão original. A angústia é estimulada com a decisão pelo depósito dos dólares e liberação do empréstimo e o letreiro dá o recado: 2 de dezembro de 2001. Ou seja, vinha o “corralito”, quando Fernando de la Rúa congelou as contas correntes de todos no país. Mas tinha coisa pior a ser descoberta pelo grupo.

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A Odisseia dos Tontos assume a tom da aventura para contar a sua história, e escolhe esquemas bem pontuados no gênero. Não é um filme que busca caminhos extravagantes ou originais, pelo contrário, a despeito do inusitado da trama, é bastante previsível em sua fórmula, desenvolvimento e acontecimentos, mas não deixa de entreter e divertir, como toda boa aventura deve fazer.

A Odisseia dos Tontos (2019)

Com tudo caminhando meio no piloto automático, sobra tempo para as atuações competentes do grupo encabeçado por Ricardo Darín, que ainda traz Luis Brandoni, Carlos Belloso e Rita Cortese em ótima forma.

O andamento é seguro, embora se perca rapidamente na representação das muitas repetições do plano, e A Odisseia dos Tontos chega bem ao seu momento mais tenso. Mesmo que não encha os olhos de ninguém, entrega aquilo que promete e é uma volta interessante a um momento político que ainda influencia a economia argentina, quase vinte anos depois.

Um Grande Momento:
“Ele está vindo!”

[43ª Mostra de São Paulo]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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