(True History of the Kelly Gang, AUS, GBR, 2019)
Ned Kelly é considerado o maior fora da lei australiano. Descendente de irlandeses, suspeitos preferenciais da polícia quando qualquer coisa dava errada na época colonial, era uma espécie de fruto do seu meio e tornou-se mito com o tempo, já tendo sido vivido no cinema por nomes como Heath Ledger e Mick Jagger. Quem conta agora a sua história é Justin Kurzel, com o filme A Verdadeira História da Gangue de Ned Kelly.
Conhecido por sua habilidade na composição visual, Kurzel não decepciona e cria uma Austrália colonial impressionante aos olhos e aos sentidos, uma vez que faz questão de assumir um ritmo ágil e constante. Em belíssimos quadros, cria uma espécie de ópera punk rock para contar a brutal história de Kelly, desde a infância até sua morte.
Entre os acertos do filme está a escolha do elenco, com destaque para a excelente participação de Essie Davis como Ellen, mãe do fora da lei. Dona de suas cenas, a conexão entre ela e Orlando Schwerdt, o jovem Ned, e George MacKay, o Ned adulto, é realmente impressionante. Outra coisa que chama a atenção é o modo como Kurzel trata a questão do imigrante, algo tão datado e próprio da Austrália, mas ao mesmo tempo tão atual e global.
Depois do fracasso com a adaptação do game Assassin’s Creed, nada como voltar para casa, para uma história que conhece desde sempre, para mostrar que sabe fazer aquilo que se espera. Kurzel volta com A Verdadeira História da Gangue de Ned Kelly como alguém que sabe como contar uma boa história, unindo um visual apurado a uma noção de ritmo muito original.
Um Grande Momento:
A última batalha.
[43ª Mostra de São Paulo]