Drama
Direção: Lorene Scafaria
Elenco: Constance Wu, Jennifer Lopez, Julia Stiles, Mette Towley, Wai Ching Ho, Emma Batiz, Vanessa Aspillaga, Jay Oakerson, Trace Lysette, Marcy Richardson, Keke Palmer, Mercedes Ruehl, Lili Reinhart, G-Eazy, Cardi B, Lizzo
Roteiro: Jessica Pressler (artigo), Lorene Scafaria
Duração: 110 min.
Nota: 7
“Dinheiro não te dá tesão?”
A frase, dirigida a stripper Destiny, poderia muito bem ter sido proferida por um cafetão ou frequentador regular do clube onde ela começou a (tentar) trabalhar em Nova York. Mas ela vem da boca da malandra personagem cuja interpretação – poderia/deveria – ter rendido uma indicação ao Oscar para JLo. Jennifer Lopez é a faísca de As Golpistas, filme de Lorene Scafaria inspirado no artigo “The Hustlers at Scores” de Jessica Pressler, que agora chega ao Amazon Prime Video.
Contando com um elenco multiétnico e talentoso de artistas femininas, como a estrelinha de Riverdale Lili Reinhart ou as cantoras Lizzo e Cardi B, a narrativa foca na trajetória da jovem pobretona Dorothy (Constance Wu, de Podre de Ricos). Ela quer ajudar a avó doentinha e de quebra ter uma vida-lazer que nunca a permitiram ter. Órfã de pai e mãe, é “adotada” pela espetacular Ramona, uma espécie de Robin Hood stripper que logo passa a roubar os yuppies de Wall Street para enriquecer suas meninas.
Uma irmandade é formada entre as ex-dançarinas de pole dance que passam a levar incautos ricaços para o abate. O polo se inverte e logo Ramona, Destiny e sua gangue fazem os homens héteros cis, que em seus comportamentos desprezíveis as tratam como meros acessórios sexuais, “dançarem”.
A maneira como Scafaria trata do elo que se constitui entre as dançarinas e como apreende o interesse em saber se o golpe irá funcionar e se elas irão se contentar é empolgante. Pena que em determinados momentos entre o segundo e terceiro ato – talvez pela maneira episódica como a história é relatada, com Des sendo entrevistada por uma repórter (Julia Stiles) que quer escrever sobre o golpe – muito seja mais do mesmo. Mas ainda que tropece, se embole no salto e perca o equilíbrio, às vezes a direção é competente e a interação muito especial entre Wu e Lopez empresta genuíno coração à trama.
As traições e escolhas que as fazem se afastarem (momentaneamente ou de forma permanente) são alimentadas pelo impulso de dar uma vida menos ordinária para as filhas Lulu e Juliet. Se a maternidade é uma doença mental como afirma, de coração partido, Ramona, a sororidade as faz sair do torpor e promover um levante criminoso, sim, mas também feminista contra o patriarcado que insiste em escravizar os corpos das mulheres que não conquistaram independência financeira ou criaram consciência.
Ao final o que importa é que, por mais que de maneira fugaz, as Golpistas criaram ranhuras no status quo, fazendo os machistas sucumbirem.
Um Grande Momento:
Introdução de Ramona ao som de Criminal da Fiona Apple.
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