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Bem-Vindo

(Welcome, FRA, 2009)
Nota  
  • Gênero: Drama
  • Direção: Philippe Lioret
  • Roteiro: Olivier Adam, Emmanuel Courcol, Philippe Lioret
  • Elenco: Vincent Lindon, Firat Ayverdi, Audrey Dana, Derya Ayverdi, Thiery Godard, Selim Akgul
  • Duração: 110 minutos

O país não é o seu e a todo tempo te fazem ter a certeza de que você não é bem-vindo ali. A entrada nos lugares é proibida, não existem empregos e a caridade de um ou outro são a única gentileza daquela terra. O drama da imigração ilegal de curdos foragidos da guerra e a xenofobia européia são o assunto principal do filme francês Bem-Vindo.

Sem exageros, o longa consegue demonstrar algumas das situações a que estrangeiros ilegais têm que se sujeitar em um país que não as quer. O comportamento da sociedade diante destas pessoas estranhas é totalmente contraditório e é de uma dessas situações incoerentes que vêm o nome do filme.

Todas as culturas e os idiomas chegam junto com a história de dois homens e seus amores. O jovem Bilal, refugiado iraquiano que, mesmo sem falar uma palavra de francês, tenta ir para Londres para reencontrar a namorada, e o professor de natação Simon que sofre com a solidão de um amor acabado.

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Depois de pagar 500 euros para tentar, sem sucesso, fazer a travessia em caminhões de carga para o Reino Unido, o jovem Bilal resolve que chegará nadando, mesmo sem saber, até a namorada atravessando o Canal da Mancha.

Toda a complexidade das relações do filme são trabalhados através de pequenos detalhes: uma foto rasgada na carteira, ligações não atendidas e um anel são bons exemplos disso.

Os personagens principais são silenciosos e marcantes. Enquanto o professor, em uma interpretação maravilhosa de Vincent Lindon, traz em seu olhar duro a amargura e solidão. Bilal usa sua força de vontade para superar o próprio desespero e conquistar a simpatia do público.

Enquanto vemos em um a força de um sonho, no outro percebemos toda a desilusão. Toda a experiência de vida e o cansaço são levados em conta: o mais velho é desiludido e foi incapaz de se esforçar para recuperar seu amor, o mais novo, sonhador, não mede esforços.

A tristeza da história é óbvia e o filme ganha muitos pontos na maneira como explicita seus conflitos. Os dramas não são vomitados na tela de forma precipitada e gratuita. Eles chegam suavemente e convencem.

O roteiro não é fácil, mas é todo trabalhado de forma simples. Os diálogos são maravilhosos e precisos e não ficam dando voltas naquilo que não precisa ser repetido.

Os enquadramentos são naturais, seguindo a tradição francesa, e muito bem elaborados. A trilha sonora, pontual, tem uma grande força e puxa a platéia para dentro do filme.

Daqueles longas que não perdem tempo enfeitando o que não precisa e não pode ser enfeitado. Cru e verdadeiro, faz com que pensemos em sua história mesmo muito depois de termos saído do cinema.

Um grande momento
A briga entre Bilal e Simon dentro do apartamento

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
2 Comentários
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Marcio Melo
Marcio Melo
26/06/2009 14:49

Dificilmente sai algo ruim do cinema francês

Vinícius P.
Vinícius P.
26/06/2009 04:43

Confesso que ainda não tinha ouvido falar desse filme, mas certamente fiquei curioso após seus ótimos comentários!

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